Em ação coordenada, MST ocupa fazendas de Maggi, Ricardo Teixeira e amigo de Temer
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocupou cinco fazendas na madrugada e manhã desta terça-feira (25) em cinco Estados do país. Os atos coordenados atingem as terras do ministro da Agricultura Blairo Maggi, do ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Ricardo Teixeira e do coronel João Baptista Lima, amigo do presidente da República Michel Temer (PMDB).
A fazenda Junco, que pertenceria ao presidente nacional do PP e senador Ciro Nogueira também foi ocupada no Piauí, assim como uma propriedade em Alto Paraíso, no Paraná.
Os trabalhadores rurais protestam também contra o aumento da violência no campo. Segundo o MST, foram 68 vítimas em 2017, sendo 13 jovens, 6 mulheres, 13 indígenas e 4 quilombolas.
Ocupações em MT, SP e RJ
No caso da ocupação da fazenda que seria do ministro Blairo Blaggi, o MST diz que a área pertence ao Grupo Amaggi e está localizada nas margens da BR-163, a 25 km da cidade de Rondonópolis (MT). Segundo o movimento, cerca de mil famílias dos Estados da região Centro-Oeste e DF estão na fazenda que seria de Maggi desde a madrugada de hoje.
Os sem-terra citam a fortuna do ministro como justificativa para a ação. "A família Maggi, segundo a revista Forbes de 2014, ocupava o sétimo lugar no ranking entre as famílias mais bilionárias do Brasil com uma fortuna estimada em 4,9 bilhões de dólares", informou o movimento em nota, dizendo ainda que a fazenda Nossa Senhora Aparecida, no município de Jaciara, é fruto de "apropriação de terras públicas".
A Polícia Civil e Polícia Federal de Rondonópolis afirmam não ter conhecimento da ocupação no terreno de Maggi. Procurada, a Amaggi informou, em nota, estar "preocupada com a integridade física dos 17 colaboradores e familiares que residem na fazenda". Paralelamente, a empresa afirma que "está buscando os meios legais para reestabelecer a ordem em sua unidade produtiva".
Já as terras atribuídas ao coronel Lima ficam em Duartina, no interior de São Paulo, e possuem 1.500 hectares. "Oficialmente está registrada como sede da empresa Argeplan (Arquitetura e Engenharia LTDA.), no entanto os moradores locais a identificam como 'a fazenda do Temer' e afirmam que grande parte da área foi grilada", afirmou o movimento também em nota. Por meio de sua assessoria, o presidente Temer informou que " não tem propriedades rurais".
A PM da cidade de Duartina confirmou a invasão e informou que os dois únicos carros da polícia foram à fazenda de Lima por volta das 9h20 desta terça para conversar com as lideranças.
O MST já havia ocupado a fazenda de Lima em maio do ano passado com o objetivo de "denunciar as conspirações golpistas de Temer". Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o presidente frequentou o local em anos de campanha eleitoral entre 2004 e 2010, ao menos. Os sem-terra dizem que Lima é "laranja" de Temer e que acusam o presidente de ser o verdadeiro dono da fazenda, que teria sido usada com "quartel-general" para planejar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
A fazenda Santa Rosa, atribuída pelo MST a Ricardo Teixeira, está sendo ocupada por cerca de 350 famílias. As terras estão localizadas no município de Piraí, região sul do Rio de Janeiro, e tem mais de 1.500 hectares. Os sem-terra argumentam que Teixeira desencadeou um "sistema de estelionato" e lavagem de dinheiro no Brasil para justificar a invasão do terreno.
A Justiça espanhola havia pedido à PGR (Procuradoria-Geral da República) na semana passada a prisão de Teixeira, que é acusado de desviar milhões de euros em jogos amistosos da seleção brasileira em um esquema que também envolvia o ex-presidente da Nike e do Barcelona, Sandro Rosell. Rosell foi preso na Espanha há dois meses.
O Batalhão da PM de Piraí, no Rio, afirmou ao UOL que carros de polícia foram enviados ao terreno de Ricardo Teixeira assim que a ocupação ocorreu, por volta das 7h. Não houve conflito. Segundo a PM, os policiais estão lá para "manter a ordem" e evitar que vias também sejam ocupadas.
Maggi, Teixeira e Lima ainda não foram localizados para comentar a ocupação.
Outras áreas invadidas
Cerca de mil famílias do Piauí ocuparam nesta terça a fazenda Junco, que pertenceria ao presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, atual senador pelo Estado. A área fica localizada próximo à BR-316, a 22 km de Teresina. A assessoria do senador Ciro Nogueira informou que ele está em viagem.
Outra área ocupada foi a fazenda Lupus 1, 2 e 3, no município de Alto Paraíso, noroeste do Paraná. Segundo o MST, cerca de 300 famílias estão no local. O movimento diz que já foi constatado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), por meio de laudos há 10 anos, que a terra seria improdutiva e já deveria estar desapropriada para fins de reforma agrária. A ocupação é para pedir agilidade no trâmite.
Além das fazendas, cerca de 400 pessoas ligadas aos sem-terra bloqueiam as vias de acesso ao Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. A ação protesta contra o que chamam de "entrega da base aos Estados Unidos" e em defesa da "soberania brasileira".
Sobre as reivindicações em Alcântara, a Aeronáutica informou que Estados Unidos, França, Rússia e Israel manifestaram interesse em formalizar parceria com o Brasil para utilização do Centro de Lançamento de Alcântara. "Porém, nenhuma proposta foi formalizada até o momento. Além disso, o Ministério da Defesa mantém conversas com a direção da Embraer Defesa no sentido de o conglomerado nacional, que é sócio na Visiona, junto da Telebrás, também fixar acordos com o centro", informou.
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