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Preso no RJ suspeito apontado como um dos chefes da Família do Norte

Primeira página do estatuto da facção Família do Norte, que controla o tráfico de drogas no Amazonas - Divulgação
Primeira página do estatuto da facção Família do Norte, que controla o tráfico de drogas no Amazonas Imagem: Divulgação

Do UOL, no Rio

18/08/2017 13h11Atualizada em 18/08/2017 18h31

A Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou nesta sexta-feira (18) a prisão de um suspeito que, segundo investigações, seria um dos chefes da FDN (Família do Norte), facção que vem protagonizando disputas sangrentas com a principal rival, o PCC (Primeiro Comando da Capital), desde o começo do ano. A FDN é aliada do principal grupo do crime organizado do Rio, o CV (Comando Vermelho).

O homem detido foi identificado como Kaio Wellington Cardoso dos Santos, conhecido como "Mano Caio" ou "Caio da 40". A prisão foi efetuada na região dos Lagos, em uma ação conjunta da Desarme, a delegacia fluminense especializada em armas, munições e explosivos, e a Divisão de Homicídios e Sequestro do Amazonas.

"Considerado o criminoso mais temido do Amazonas, ele foi preso na região dos Lagos e é apontado como o responsável pela guerra sangrenta no Norte do país, há meses, que resultou em mais de 60 mortes nos presídios e ruas da cidade", informou a Polícia Civil do Rio, em nota.

A FDN comanda o tráfico de drogas no Amazonas e em outros Estados da região Norte. Paralelamente aos embates contra quadrilhas rivais, há uma briga interna pelo controle da facção, o que tem resultado em sucessivos episódios de violência. Em Manaus, somente em 2017, houve aumento de 25% no número de homicídios.

Segundo o secretário de Estado de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, o topo da cadeia de comando da Família do Norte é disputado pelos traficantes João Pinto Carioca, o "João Branco", e Gelson Lima Carnaúba, o "Mano Gê". Ambos estão na Penitenciária Federal da Catanduvas, no Paraná, e de lá dão ordens pelo controle da FDN.

A guerra entre os dois teve começo logo depois do massacre realizado por membros da facção que resultou na morte de 60 detentos em presídios do Amazonas, em janeiro deste ano.

Wellington é ligado a Mano Gê, com quem fugiu no dia 26 de julho de 2014 do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus --palco do massacre promovido por sua facção criminosa no dia 1º de janeiro.

Ele viria a ser preso novamente em 2 de dezembro de 2015 por policiais civis e federais na cidade de Fortaleza, onde estava escondido em um condomínio de luxo. "Trata-se de um criminoso sanguinário e desequilibrado. Todos os que estavam acima dele na organização estavam presos", afirmou o secretário amazonense.

A Polícia Civil de Amazonas atribui a ele uma série de assassinatos de traficantes rivais, dos quais aos menos dois teriam sido esquartejados em maio de 2013 --o esquartejamento de rivais é uma marca registrada da FDN. Por um desses assassinatos, a Justiça do Estado decidiu no último dia 7 deste mês levá-lo a júri popular. Ainda não há uma data marcada para o julgamento.

Em entrevista ao UOL, o secretário Sergio Fontes afirmou que ao menos metade dos homicídios registrados neste ano está relacionada ao que ele chama de "esfacelamento" da facção. "Eu diria que aproximadamente 50% dessas mortes estejam relacionados ao esfacelamento da FDN, dessa briga fratricida", disse. Na disputa, Kaio Wellington aliou-se a Mano Gê.

Massacre de Manaus 

Em janeiro deste ano, chefes da FDN ordenaram a morte de detentos supostamente ligados ao PCC, maior facção criminosa do país, de acordo com a PF. O PCC controla o tráfico de drogas em São Paulo e tem o domínio da chamada “rota caipira”, que escoa a droga produzida sobretudo na Bolívia e no Paraguai por meio de cidades do interior paulista e do Triângulo Mineiro.

A retaliação ao PCC seria uma resposta às tentativas da facção paulista de obter o domínio da “rota do Solimões”, que é dominada pela FDN. Essa rota é abastecida por cocaína produzida na Colômbia e no Peru e escoada pelo rio Solimões até Manaus.