Rio teve uma morte violenta a cada 1 hora e 20 minutos neste ano
O bebê Arthur baleado ainda no útero da mãe, a estudante Maria Eduarda, 13, morta ao ser atingida por uma bala perdida dentro de uma escola, os 99 policiais militares assassinados até esta sexta-feira (25). Entre janeiro e julho deste ano, o Estado do Rio de Janeiro registrou 3.911 mortes violentas, número mais alto para o período desde 2009.
De acordo com dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) divulgados nesta sexta-feira (25), o Rio teve ao menos uma morte violenta a cada uma hora e 20 minutos nos primeiros sete meses do ano. O total de mortes é 13% maior (440) que o registrado no mesmo período de 2016, quando ocorreram 3.471 casos.
A letalidade violenta inclui homicídios, roubos seguidos de morte, mortes cometidas pela polícia e lesão corporal seguida de morte.
O indicador que mais subiu foi o número de mortos pela polícia, que chegou a 642 casos, 35% a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado (474). Caso mantenha o mesmo ritmo de crescimento o Estado, deve chegar ao fim do com mais de mil mortos pela polícia, maior número já registrado desde o início do programa de polícia pacificadora.
Apesar de o total de mortos pela polícia ter avançado no acumulado do ano, em julho, os casos (61) caíram em relação a junho passado (97) e julho de 2016 (75).
O número de roubos também aumentou de um ano para cá. Foram 71.146 roubos de rua, indicador que inclui roubo a pedestres, em coletivos e de telefones, frente a 69.554 casos em 2016. Esse crescimento, no entanto, foi maior do que os números oficiais retratam. Policiais civis passaram boa parte do primeiro semestre em greve e as delegacias que aderiram à paralisação registraram apenas os crimes mais graves.
A crise na segurança levou o governo federal a autorizar o envio das Forças Armadas para fazer a segurança no Estado. Na terça-feira (22), a Secretaria de Segurança anunciou a transferência de 3.000 PMs lotados em Unidades de Polícia Pacificadora para os batalhões a fim de reforçar o policiamento na capital e na região metropolitana.
Na próxima segunda-feira (28) a presença dos militares no Estado completa um mês sob críticas quanto aos resultados da atuação --esta foi a 12ª vez em dez anos que o Rio recorreu formalmente à intervenção militar devido à violência.
No começo da semana, confrontos entre policiais e traficantes levaram ao fechamento por tempo indeterminado de escolas na favela do Jacarezinho e arredores, deixando mais de 20 mil alunos sem aulas.
Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório da Análise de Violência, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o crescimento da violência no Estado vem recrudescendo do começo de 2016 para cá.
Ele afirma que políticas bem-sucedidas dos anos iniciais da gestão de José Mariano Beltrame (2007-2016) na segurança pública foram, como o próprio programa de UPPs, reproduzidas sem avaliações e correções de rumo.
A crise financeira do Estado, que deixa buraco de R$ 21 bilhões nos cofres públicos, agravou a situação. Não há recursos para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais não receberam o 13º salário de 2016 nem o adicional por metas e pelo trabalho na Olimpíada.
A política de Unidades de Polícia Pacificadora está em crise --dos dez locais com mais tiroteios na capital fluminense no último ano, oito contam com UPPs.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança afirmou que “tem como principais diretrizes a preservação da vida e dignidade humana, o controle dos índices de criminalidade e a atuação qualificada e integrada das polícias”.
“A Seseg mantém interlocução permanente com os comandos das polícias Militar e Civil orientando-os na busca incessante de medidas que impactem na redução dos indicadores de violência. O secretário Roberto Sá reitera a importância da mudança das leis criminais para reverter o quadro de banalização do crime. O secretário já enviou propostas de endurecimento dessas leis para o Ministério da Justiça”, afirma a pasta.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que estão sendo tomadas providências operacionais para melhorar esses índices "inclusive diante da escassez de recursos humanos e materiais". "Os índices criminais refletem um cenário social que não depende apenas da Corporação para ser revertido", afirma.
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