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"Quem tem uma arma faz o que quer", diz irmão de menino morto em arrastão no Rio

Renan Miranda (foto) foi atingido no banco de trás do carro do pai durante arrastão - Reprodução TV Globo/Arquivo Pessoal
Renan Miranda (foto) foi atingido no banco de trás do carro do pai durante arrastão Imagem: Reprodução TV Globo/Arquivo Pessoal

Fabiana Marchezi

Colaboração para o UOL

05/09/2017 12h36

Um dia após a confirmação da morte do menino Renan dos Santos Macedo, de 8 anos, baleado na cabeça durante um arrastão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, o irmão dele, Leonardo dos Santos Macedo, de 19 anos, desabafou sobre a violência e cobrou justiça das autoridades.

Ao UOL, Leonardo lamentou a morte do menino e pediu resposta das autoridades, com penas rigorosas para os responsáveis pelo crime. O jovem ressalta a violência que domina o Rio de Janeiro e cita o poder de quem tem uma arma.

“Nada vai trazer meu irmão de volta, mas será um alívio quando as pessoas que fizeram isso com ele estiverem na prisão. Hoje, estamos à mercê da violência, quem tem uma arma faz o que quer. Nós saímos de casa para trabalhar e não sabemos se vamos voltar”, desabafou. A morte da criança foi confirmada nesta segunda-feira (4) pelo Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, também em Duque de Caxias.

Mãe de Renan Miranda, baleado na cabeça em arrastão no Rio RJ - Fabiano Rocha/Agência O Globo - Fabiano Rocha/Agência O Globo
04.set.2017 - Amparada pelo filho, mãe de Renan pediu justiça e um basta à violência
Imagem: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Macedo contou ao UOL que essa é a primeira vez que a família é vítima de violência, mas que muitos vizinhos e amigos já passaram por isso. “Tenho amigos, vizinhos que já foram vítimas. E hoje, eles atiram, esfaqueiam até porque você não tem dinheiro. Eu aprendi uma frase que diz que os direitos humanos têm que ser para humanos direitos. Eu acredito que quem defende essas pessoas, nunca passou pelo que minha família está passando”, completou.

O irmão da vítima ainda pediu uma pena rigorosa para quem comete este tipo de crime. "Quem faz isso tem que apodrecer na cadeia para não fazer outra vítima", desabafou.

Renan foi baleado na cabeça no último domingo (3) quando o pai tentava fugir de um arrastão, em Duque de Caxias. Ele estava a caminho da casa da mãe. Quando os bandidos perceberam a fuga, atiraram ao menos cinco vezes contra o carro e atingiram a criança. O corpo já foi liberado para Instituto Médico Legal (IML) de Duque de Caxias e será sepultado no fim desta tarde.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde lamentou a perda da família e informou que “presta solidariedade neste momento de grande dor e segue à disposição dos pais e familiares”.

O que diz a polícia

De acordo com a polícia, criminosos tentaram fechar a avenida Gomes Freire e abordaram diversos motoristas que estavam na região. Ao perceber a movimentação, o pai do menino, manobrou o veículo e os bandidos efetuaram diversos disparos contra o carro.
 
Segundo familiares, ao menos cinco tiros atingiram o veículo. Renan estava no banco de trás e foi baleado na cabeça. A criança havia completado oito anos no dia 16 de abril.