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Com 14 mil alunos prejudicados, Rio começa a repor aulas após confrontos no Jacarezinho

11.set.2017 - Policiais realizam operação no complexo de favelas da Maré, zona norte - José Lucena/Futura Press/Estadão Contéudo
11.set.2017 - Policiais realizam operação no complexo de favelas da Maré, zona norte Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Contéudo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

11/09/2017 15h14Atualizada em 11/09/2017 16h22

Estudantes da região do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, que ficaram 11 dias sem aulas no mês passado devido a operações policiais que resultaram em sete mortes, começam nesta segunda-feira (11) a ter aulas repostas. Uma força-tarefa de professores vai atuar em 17 unidades escolares da região, principalmente, com conteúdos de língua portuguesa e matemática, segundo informou a Secretaria Municipal de Educação.

O problema afeta com frequência estudantes em áreas consideradas de risco. Nesta segunda, é a vez dos alunos da comunidade da Maré, também na zona norte do Rio, ficarem sem aula. Quase 11 mil estudantes foram prejudicados. No total, 15 escolas, cinco creches e dez EDIs (Espaços de Desenvolvimento Infantil) não abriram devido a uma operação policial na região.

Unidades da rede de ensino no Caju, na zona portuária, também amanheceram sem aula após um domingo (10) violento. Criminosos atacaram a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da região e um ônibus foi incendiado em protesto contra a morte de um homem. Três escolas, cinco creches e um EDI, onde estudam 2.985 alunos também não tiveram suas atividades nesta segunda.

Além desses dois locais, a Favela do Rolla, em Santa Cruz, zona oeste, tem uma creche fechada. A unidade atende a 71 alunos.

Segundo levantamento da secretaria de Educação, dos 135 dias letivos (iniciados em 2 de fevereiro), em apenas nove dias nenhuma unidade da rede fechou as portas por conta da violência. Até agora, 418 unidades da rede não abriram pelo menos um dia do ano e, ao todo, 150.275 estudantes ficaram sem aulas.

Jacarezinho contra a "barreira da reprovação"

Segundo Fátima Cunha, gerente de ensino fundamental da rede municipal, alunos do 3º, 5º e 9º ano terão aulas de reforço escolar no contraturno. “As duas disciplinas [língua portuguesa e matemática] são as que mais apresentam dificuldades para as crianças e jovens. Já os alunos do terceiro ano estão inseridos na ação pedagógica de acompanhamento individualizado. São 12.417 alunos já identificados pela secretaria como os que mais precisam de reforço na aprendizagem, para vencer a barreira da reprovação”.

Ao todo, sete pessoas morreram vítimas dos confrontos entre policiais e criminosos no Jacarezinho. Os tiroteios se estenderam por quase duas semanas após a morte do policial civil Bruno Guimarães Buhler, atirador de elite da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) baleado durante uma operação na região.

Muitos moradores tiveram que deixar suas casas, com medo da violência, serviços de transporte foram afetados e o comércio fechou as portas. Na ocasião, a Comlurb (Companhia Companhia Municipal de Limpeza Urbana) estimou que mais 280 toneladas de lixo se acumularam na favela devido à interrupção do serviço de coleta.

Operação na Maré após PM baleado

Estão na região nesta segunda agentes da COE (Coordenadoria de Operações Especiais). O objetivo da operação é tentar capturar criminosos que atiraram contra policiais militares no domingo.

De acordo com a corporação, durante a ação, um criminoso foi preso após fazer reféns moradores do Conjunto Esperança, dentro da comunidade. Os reféns foram liberados sem ferimentos. Com o suspeito, foram apreendidos um fuzil, três carregadores e um rádio-comunicador.

Ontem, o cabo Alex Vando C. Martins, do Batalhão de Choque, foi ferido após um tiroteio na região. O agente foi atingido quando estava em patrulhamento na linha Vermelha, altura da Vila dos Pinheiros, na região da Maré. O PM foi socorrido ao Hospital Central da Polícia Militar, passou por cirurgia e não corre risco de morte.