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Médica é baleada na cabeça ao sair de hospital e morre no ES

Reprodução
Imagem: Reprodução

Eduardo Carneiro

Colaboração para o UOL

16/09/2017 13h25

A médica Milena Gottardi Tonini Frasson, 38 anos, morreu na tarde da última sexta-feira (15), um dia depois de ser baleada ao deixar um plantão de um hospital de Vitória (ES). A Polícia Civil investiga o caso e trabalha com a hipótese de feminicídio. O assassinato gerou comoção nas redes sociais, reação e protesto de associações médicas e luto oficial em Fundão, cidade da região metropolitana da capital capixaba onde a vítima nasceu.

De acordo com informações da polícia, Milena saía do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes, conhecido também como Hospital das Clínicas, acompanhada de uma colega na noite de quinta-feira (14) quando foi surpreendida por um homem que anunciou um assalto.

Segundo relatou a médica que testemunhou o crime, a colega seguiu as orientações do suspeito, mas mesmo assim levou três tiros – um deles atingiu a cabeça. Milena recebeu os primeiros socorros no local e foi encaminhada em seguida ao Hospital Cias Unimed. Ela chegou a passar por cirurgia, mas teve a morte confirmada na tarde de sexta. O criminoso fugiu.

O caso está sendo investigado pela DHPM (Delegacia Especializada em Homicídios Contra Mulher) de Vitória. Na tarde de sexta-feira, a Polícia Civil divulgou o retrato falado do suspeito e orientou as pessoas que possam colaborar na localização para que entrem em contato pelo Disque-Denúncia (telefone 181, com garantia de anonimato).

Retrato falado do suspeito de ter matado a médica Milena Gottardi Tonini Frasson  - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
Retrato falado de suspeito do crime
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

De acordo com o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, que acompanhou pessoalmente o caso de perto desde a noite de quinta, as investigações estão avançadas e o crime tem todas as características de feminicídio - motivado por razões passionais.

Ainda não está claro se o autor dos disparos tinha alguma relação com a vítima ou se o crime tenha sido encomendado por alguém próximo. A delegacia não passou maiores informações para não atrapalhar as investigações.

Luto e protestos

A morte violenta de Milena gerou comoção nas redes sociais, com familiares e amigos mudando as fotos de perfil para símbolos de luto e postando mensagens de pesar. Ela era separada e deixa duas filhas. “Sua luz nunca vai se apagar”, escreveu o afilhado da vítima. Colegas da área médica também prestaram homenagens a Milena, descrita por um deles como “uma excelente profissional sempre carinhosa com seus pacientes e alegre”.

Um protesto foi feito na manhã de sexta por profissionais e estudantes da área de saúde na frente do Hospital das Clínicas para cobrar melhoria da segurança. Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) chegou a classificar o assassinato de Milena como uma “tragédia anunciada”.

“Insistentemente o CRM-ES denuncia a fragilidade do sistema de saúde, o que inclui a falta de segurança para todos: médicos, enfermeiros, pacientes e demais profissionais que atuam nas instituições de saúde. Por diversas vezes, o risco de um profissional médico sofrer violência como a ocorrida com a colega Milena foi alertado, não somente pelo Conselho de Medicina, mas pelo Sindicato dos Médicos e pela Associação Médica do Espírito Santo”, diz o texto.

A Associação dos Médicos do Espírito Santo (Ames) também se pronunciou: “A Ames vem a público para se solidarizar com os familiares, parentes, amigos e colegas de trabalho, bem como exigir das autoridades de segurança pública do Estado a apuração rigorosa e a punição dos culpados desse crime hediondo”.

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), responsável pelo Hospital das Clínicas, afirmou em nota que “este é um momento de grande tristeza para toda a comunidade universitária, que se solidariza à família neste momento de dor”.

A Prefeitura de Fundão, onde a médica deve ser sepultada neste sábado, decretou luto oficial de três dias. “Nossos mais sinceros sentimentos à família de Milena, que era um orgulho para todos os fundãoenses,” destacou Eleazar Ferreira Lopes, prefeito interino da cidade, em comunicado.