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"O que eu pude, eu fiz", diz vigilante que salvou 15 crianças do fogo em creche de MG

05.out.2017 - Equipes do Samu fazem atendimento às vítimas de creche no Hospital Regional de Janaúba (MG) - Divulgação/Samu - 05.out.2017 - Divulgação/Samu - 05.out.2017
Equipes do Samu no Hospital Regional de Janaúba
Imagem: Divulgação/Samu - 05.out.2017

Do UOL, em São Paulo

05/10/2017 20h39Atualizada em 06/10/2017 09h19

Um vigilante foi uma das primeiras pessoas a chegar na creche municipal em Janaúba (547km de Belo Horizonte) logo após o segurança Damião Soares dos Santos, 50, atear fogo ao local.

Ele relata que, depois de quebrar uma grade, conseguiu salvar 15 crianças do incêndio que atingiu o local. “Deus que me deu força no momento e me mandou salvar e salvei. Mas tive que quebrar uma grade, e ainda vi 4 crianças morrendo lá dentro sem eu poder socorrer”, relatou o vigilante à reportagem ao programa Brasil Urgente, da Band.

“O que eu pude, eu fiz. Tirei umas queimadas ainda, mas está tudo em vida. Tirei quatro já mortos, não teve jeito de salvar”, lamentou (assista ao relato no vídeo acima).

O delegado Bruno Barbosa Fernandes afirmou na noite desta quinta-feira (5) que Santos premeditou o crime que provocou a morte de quatro crianças na manhã desta quinta (5). Todas as vítimas tinham quatro anos.

Familiares do segurança disseram, de acordo com a polícia, que Santos planejava se matar. "Ele disse na última terça-feira (3), que daria um presente a todos, se matando em breve", informou o delegado. Segundo a investigação, o segurança cometeu o crime na creche numa data simbólica para ele, quando a morte do pai completaria três anos.

A Polícia Civil também apurou que o segurança tinha problemas mentais e era obcecado por crianças.

Questionado sobre o que teria causado o ataque à creche, o delegado resumiu: "loucura". "Conseguimos um relatório do Caps [Centro de Apoio Psicossocial] indicando que ele estava em tratamento psiquiátrico desde 2014; ele sofria de muitas manias de perseguição", disse. Ainda conforme o policial, a tendência é que, com a morte do segurança, o inquérito seja arquivado.

"Ele nunca precisou ser afastado do trabalho, nem tinha contato com crianças, já que era segurança noturno. O que ele fez foi algo bestial, covarde, mas nunca tinha manifestado nada disso no ambiente de trabalho, nem tinha orientação de ser segregado do convívio pelo que pudemos apurar junto ao Caps", afirmou o delegado.