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Suspeita é detida por envolvimento com cemitério clandestino do PCC em SP

09.out.2017 - Delegado Antônio José Pereira (dir.), do Deic, em vistoria a cemitério clandestino utilizado pelo PCC em Mauá (SP) - Reprodução/Deic - Reprodução/Deic
09.out.2017 - Delegado Antônio José Pereira (dir.), do Deic, em vistoria a cemitério clandestino utilizado pelo PCC
Imagem: Reprodução/Deic

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

10/10/2017 11h45Atualizada em 10/10/2017 14h25

A Polícia Civil prendeu na tarde desta segunda-feira (9) uma mulher suspeita de ter envolvimento nos assassinatos de três homens e uma mulher, no fim do mês passado, na Grande São Paulo. Os corpos das vítimas foram localizados na manhã de ontem em um cemitério clandestino, utilizado pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), em uma área de mata em Mauá, próximo à estrada do Carneiro.

A polícia suspeita que o local era usado para esconder corpos de vítimas dos chamados "tribunais do crime" -- os julgamentos ilegais realizados por membros do PCC contra integrantes que não cumprem as regras da facção.

De acordo com o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), da Polícia Civil, o motivo dos quatro homicídios ainda está sendo apurado.

Segundo investigadores da polícia ouvidos pela reportagem, a suspeita é de que três das pessoas mortas e enterradas no cemitério clandestino tenham sido julgadas e condenadas pelo chamado "tribunal do crime".

A quarta pessoa, um homem, morreu por estar na hora e lugar errados, ainda de acordo com a Polícia Civil.

As três vítimas "condenadas" no tribunal do crime foram punidas por terem cometido um assassinato contra um homem que a polícia ainda investiga se tinha ligações com o crime organizado.

"A organização se doeu tanto com essa morte que mataram ela e os matadores do marido", disse o delegado Antônio José Pereira, titular da 1ª Delegacia Patrimônio (Investigações de Roubo e Latrocínio), responsável pelas investigações.

A outra mulher detida na tarde de ontem, passa por audiência de custódia, em Mauá, nesta terça-feira (10). A polícia não explicou a relação da suspeita com os crimes, nem como chegou até ela.

No entanto, ainda de acordo com a polícia, com ela foram apreendidas munição de calibre 38 e diversas anotações e correspondências alusivas ao PCC. No celular da suspeita, havia também mensagens sobre os crimes investigados.

Ela foi autuada pelos crimes de organização criminosa, posse ilegal de munição de uso permitido e ocultação de cadáver. Além dela, a equipe do Deic afirma ter identificado outros dois envolvidos no crime. As prisões de ambos devem ser pedidas em breve.

Cemitério clandestino do PCC

A Polícia Civil não tem mais dúvidas de que a área de mata, onde foram encontrados na manhã de segunda-feira (9) quatro corpos enterrados em Mauá, na Grande São Paulo, é um cemitério clandestino utilizado pelo PCC.

O local seria usado por criminosos para enterrar pessoas assassinadas em razão de desavenças. Segundo o delegado Pereira, as informações sobre as mortes surgiram durante uma investigação sobre roubo. A equipe da 1ª Patrimônio tentava localizar o cemitério há 15 dias.

De acordo com a Polícia Civil, as informações surgiram durante apurações sobre autores de roubos. Delegados do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) também foram acionados para ajudar na apuração dos crimes.

Os investigadores contaram com equipes do Corpo de Bombeiros e da Guarda Municipal de Mauá para desenterrar os corpos na tarde de ontem.