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Crise da favela da Rocinha contabiliza 16 mortes e 53 prisões no Rio

11.out.2017 - Com blindados de guerra, militares patrulham ruas da Rocinha   - Pablo Jacob/Agência O Globo
11.out.2017 - Com blindados de guerra, militares patrulham ruas da Rocinha Imagem: Pablo Jacob/Agência O Globo

Mônica Garcia

Colaboração para o UOL, no Rio

11/10/2017 17h05

A crise de segurança que começou na Rocinha e se espalhou por outras favelas do Rio de Janeiro resultou em 16 mortes, 53 prisões de suspeitos e 11 apreensões de adolescentes desde o dia 18 de setembro, segundo autoridades da segurança pública. 

Também foram apreendidos 29 fuzis, três submetralhadoras, cinco espingardas calibre 12, 25 pistolas, 36 granadas e explosivos e duas toneladas de drogas, não só na Rocinha, mas também em favelas como Morro dos Macacos, Caju, Fazendinha, Fallet, entre outras.

Contudo, um dos pivôs da crise, o traficante Rogério Avelino da Silva, o "Rogério 157", ainda não foi localizado.

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Em entrevista nesta quarta (11), o chefe da Polícia Civil, Fernando Albuquerque, no entanto, preferiu não comentar as investigações sobre o paradeiro de 157. "As investigações continuam e não comentamos, até porque ele pode estar nos ouvindo nesse momento", afirmou.

A operação entrou nesta semana em uma fase de inteligência, para reunir informações sobre suspeitos e localização de armas, segundo autoridades responsáveis. 

“O primeiro momento foi entrar e estabilizar a Rocinha. Agora estamos em outro momento, de inteligência, compreendendo o modo operandi desses marginais¨, afirmou o subchefe do Estado-Maior conjunto, brigadeiro Ricardo José Freire, em entrevista realizada no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle). 

Forças Armadas

Os militares voltaram à favela na terça-feira (10) --a varredura se estende nesta quarta (11)--, duas semanas após uma grande operação anterior. As Forças Armadas haviam realizado um cerco na Rocinha entre os dias 22 e 29 de setembro e depois deixado a região sob a responsabilidade das forças policiais.

Na ação atual, o papel dos militares será mais uma vez cercar a favela, tanto na região urbanizada quanto na área de mata, para impedir a entrada e saída de criminosos, drogas e armamentos.

Enquanto isso acontece, unidades especializadas da polícia, como o Batalhão de Choque ou o Bope (Batalhão de Operações Especiais), estão realizando tarefas específicas dentro da comunidade --como prender suspeitos e apreender armamentos.

As Forças Armadas também devem apoiar a polícia na área de inteligência, especialmente no monitoramento de comunicações e informações relacionadas aos narcotraficantes.

Segundo fontes militares afirmaram à reportagem, o novo cerco à Rocinha não deve ser prolongado. A operação é diferente de ocupações que duraram meses na favela da Maré, em 2015, e no complexo do Alemão, em 2010.

A ideia é que mais operações temporárias sejam realizadas também em outras favelas do Rio de Janeiro, dentro da Operação de Garantia da Lei da Ordem autorizada pelo governo federal no Rio de Janeiro no fim de julho.

A crise da Rocinha foi deflagrada por uma disputa entre dois grupos de traficantes após uma briga entre os ex-aliados Antônio Francisco Bonfim Lopes, o "Nem" e Rogério Avelino da Silva, o "Rogério 157". O racha ocorreu após uma tentativa de invasão à comunidade, no mês passado. 

Na ocasião, mesmo detido na penitenciária federal de Rondônia, Nem ordenou que criminosos leais a ele tentassem derrubar a quadrilha de Rogério 157, que assumiu o comando das bocas de fumo da Rocinha depois da prisão do ex-aliado, em 2011.

O episódio desencadeou uma intensa crise de violência na Rocinha que começou a se espalhar por outras favelas e envolver diferentes facções criminosas.