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Suspeitos de torturar adolescentes são presos na Rocinha; dupla é ligada ao traficante Nem, diz PM

Para a PM, Jefferson e Neide Sabará são integrantes da quadrilha do traficante Nem - Divulgação
Para a PM, Jefferson e Neide Sabará são integrantes da quadrilha do traficante Nem Imagem: Divulgação

Do UOL, no Rio

18/10/2017 09h08

O Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro efetuou a prisão, na terça-feira (17), de um homem e uma mulher que teriam, segundo investigação, cometido crime de tortura contra dois adolescentes de 16 anos na favela da Rocinha, na zona sul carioca, em 27 de setembro.

Foram detidos Jefferson Lopes Farias, 27, e Neide Aparecida da Costa, 42, conhecida como Neide Sabará. Contra ambos havia dois mandados de prisão: um pelo crime de tortura e outro por associação para o tráfico de drogas. Eles foram levados para a 11ª DP (Rocinha). O UOL não conseguiu contato com a defesa dos acusados.

Jefferson e Neide fazem parte, de acordo com a PM, da quadrilha do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, que disputa o controle das bocas de fumo da Rocinha com o rival Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157.

Também na terça, durante patrulhamento na comunidade, policiais do Batalhão de Choque apreenderam uma pistola, um aparelho de comunicação e entorpecentes --a quantidade não foi informada. O material foi encontrado na rua 4.

As forças policiais ainda estão à procura de outros quatro criminosos que teriam participado da tortura contra os adolescentes. No início do mês, o Disque-Denúncia divulgou cartaz com as fotos dos suspeitos. São eles Carlos Augusto Rodrigues Barreto, o Cachorrão, 38; Vitor dos Santos Lima, o Playboy, 22; Washington de Jesus Andrade Paz, o W, 25; e Lhoran de Andrade Lima, 19.

Jovens podem ter sido torturados por causa de boné

As agressões contra os adolescentes, ambos moradores da Rocinha, podem ter sido motivadas pelo uso de um boné por uma das vítimas, de acordo com o Disque-Denúncia. 

Segundo informações obtidas pela central telefônica e repassadas à polícia, um dos jovens estava com um boné onde era possível ler a mensagem: "Jesus é dono desse lugar". A frase teria sido interpretada pelos agressores, leais ao traficante Nem, como uma mensagem de apoio a Rogério 157. Isso porque 157 teria hábito de ostentar uma corrente de ouro com a mesma inscrição.

Nem e Rogério 157 estão no centro de uma sangrenta disputa pelo comando do tráfico na Rocinha. A briga entre eles atingiu o auge depois de uma tentativa de invasão, no mês passado, quando Nem ordenou que criminosos rivais tentassem derrubar 157, que assumiu o controle das bocas de fumo desde a prisão do ex-aliado, em 2011, às vésperas da ocupação policial para instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Atualmente, Nem cumpre pena na penitenciária federal de Porto Velho (RO).

O racha provocou intensos tiroteios, cenas de violência e levou à reação do Estado, que realizou, em 22 de setembro, um cerco militar com o apoio das Forças Armadas que durou uma semana. Atualmente, a Polícia Militar do Rio emprega efetivo de 500 agentes a fim de garantir a segurança e a ordem na região.