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PM do Rio anuncia novo corregedor após críticas de ministro da Justiça

Para o ministro da Justiça, PM do Rio é conivente com o crime organizado - Foto: ABr
Para o ministro da Justiça, PM do Rio é conivente com o crime organizado Imagem: Foto: ABr

Do UOL, no Rio

01/11/2017 15h44

A Polícia Militar do Rio de Janeiro empossou nesta quarta-feira (1º) o seu novo corregedor-geral, o coronel Jorge Fernando de Oliveira Pimenta, um dia depois das críticas contundentes feitas pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre o trabalho do comando da corporação e uma suposta relação de conivência com o crime organizado.

As declarações do representante da pasta federal foram publicadas pelo blogueiro Josias de Souza. No mesmo dia, reportagem do UOL mostrou que as críticas causaram alvoroço entre oficiais da Polícia Militar. Um grupo de descontentes ameaçaram até entregar os postos, caso as autoridades da segurança pública fluminense não respondessem com firmeza.

O estrago foi tão grande que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) participa na tarde desta quarta de reunião com a cúpula da PM, no Palácio Guanabara, residência oficial do governo estadual.

A chefia da Corregedoria Interna da PM estava vaga desde que o coronel Wanderby Braga de Medeiros foi exonerado do cargo, logo após a morte da espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenez, baleada após um passeio turístico pela favela da Rocinha, na zona sul carioca, em 23 de setembro.

Oficialmente, a Polícia Militar nega que a saída de Wanderby tenha a ver com o caso, mas se comenta nos bastidores que ele teria ficado insatisfeito com o rumo das investigações sobre a tragédia com a turista. Isso porque a apuração foi transferida do órgão interno militar, a Corregedoria, para a Divisão de Homicídios da Polícia Civil.

Em 24 de setembro, o delegado Fábio Cardoso anunciou o indiciamento por homicídio qualificado do tenente Davi dos Santos Ribeiro, 30, identificado como autor do disparo que matou Maria Esperanza.

Antes de assumir a Corregedoria, o coronel Pimenta comandou o Batalhão de Choque, segundo informou a assessoria da corporação.

Reação aos comentários do ministro

Torquato declarou ao blogueiro Josias de Souza que Pezão e o secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Sá, não controlam a Polícia Militar. Para ele, o comando da PM no Rio decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado." O ministro ainda acrescentou que "comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio".

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Pezão declarou que "o governo do Estado e o comando da Polícia Militar não negociam com criminosos". Segundo o governador, as escolhas de comandos de batalhões e delegacias fluminenses são decisões técnicas. Ele ainda afirmou que jamais recebeu pedidos de deputados para tais cargos.

Também acusou o ministro de nunca tê-lo procurado para tratar das críticas.

Já Sá se disse “indignado” com as afirmações e reafirmou que as investigações indicam que o tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira, que comandava o 3º BPM (Méier), foi vítima de tentativa de assalto. O oficial foi atacado a tiros em uma rua do Méier, bairro da zona norte carioca.

Torquato se disse convencido de que o assassinato do comandante do batalhão não foi resultado de um assalto. ''Esse coronel que foi executado e ninguém me convence que não foi acerto de contas."

O ministro relatou ter conversado sobre o assunto com Pezão e Sá. Encontrou-os, na última sexta-feira (27), em Rio Branco (AC), numa reunião com governadores de vários Estados. "Eu cobrei do Roberto Sá e do Pezão", relatou Torquato.