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Pai diz acreditar que corpo de bebê que sumiu em hospital tenha sido vendido para estudos

8.nov.2017 - Viatura policial chega ao Hospital Pasteur, na zona norte do Rio de Janeiro - Guilherme Pinto/Agência O Globo
8.nov.2017 - Viatura policial chega ao Hospital Pasteur, na zona norte do Rio de Janeiro Imagem: Guilherme Pinto/Agência O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

09/11/2017 12h06

O pai do bebê natimorto, cujo corpo desapareceu no Hospital Pasteur, da rede particular na zona norte do Rio de Janeiro, diz acreditar que o corpo tenha sido vendido para estudos médicos sem autorização da família. Segundo Wanderson Nunes, após a cesariana, os médicos informaram à mãe de Kevin --nome dado ao bebê-- que a placenta seria levada para estudo.

"Eles não identificaram o meu filho. A gente acredita que de lá mesmo tenham sumido com o corpo. Foi tudo muito estranho."

O bebê nasceu morto na última segunda-feira (6), após a mãe dar entrada na unidade com fortes dores na barriga. Durante o atendimento, a equipe médica constatou que o bebê estava morto e encaminhou a paciente para uma cirurgia, para a retirada da criança. A mulher estava no 5º mês de gestação.

No dia seguinte, na terça-feira (7), ao procurar o corpo, a família foi informada que ele havia desaparecido.

"Cheguei cedo, percebi uma movimentação estranha. Uma correria. Ninguém informava nada. Fiquei mais de uma hora esperando até que a direção do hospital veio e me disse que não sabia onde estava o corpo do Kevin. Disseram que podia ter sido jogado fora ou levado por engano por outra funerária", contou o pai.

Devido ao sumiço, o velório e o enterro de Kevin foram cancelados. Na manhã desta quinta-feira (9), parentes e amigos fizeram uma manifestação na porta do hospital exigindo uma resposta do centro de saúde sobre o desaparecimento do corpo do bebê.

A reportagem do UOL procurou na quarta-feira (8) o Hospital Pasteur sobre a acusação do pai. Nesta quinta, o hospital respondeu somente que "as investigações estão sendo conduzidas pelas autoridades policiais". O hospital ainda afirmou que se mantém empenhado na "elucidação dos fatos juntos às autoridades policiais".

Sobre o desaparecimento do corpo do bebê, a assessoria de imprensa disse que o hospital "lamenta o episódio" e informou que "instaurou sindicância interna e que permanece em contato com a família". O hospital ainda afirmou que se mantém empenhado na "elucidação dos fatos juntos às autoridades policiais".

A unidade não respondeu ao questionamento sobre os protocolos de atendimento adotados pela instituição em caso de natimortos.

Polícia investiga o caso

A Polícia Civil do Rio de Janeiro instaurou um inquérito para investigar o desaparecimento do corpo da criança. O sumiço do bebê foi registrado na delegacia do bairro do Méier, na zona norte carioca, mas as investigações estão sob responsabilidade do distrito policial de Todos os Santos, que apura crime de destruição, subtração ou ocultação.

Além do pai da criança, uma testemunha também já prestou depoimento. A mãe também era esperada na delegacia. Segundo a Polícia Civil, agentes estão em diligência para apurar o fato.