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PM faz operação em favela do Rio controlada pela mesma facção de Nem da Rocinha

27.out.2017 - Há duas semanas, polícias do Rio e Forças Armadas fizeram cerco ao morro do São Carlos e favelas no entorno - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
27.out.2017 - Há duas semanas, polícias do Rio e Forças Armadas fizeram cerco ao morro do São Carlos e favelas no entorno Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

11/11/2017 09h12

Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro realizam na manhã deste sábado (11) uma operação na favela do São Carlos, na zona norte carioca, área dominada pela facção ADA (Amigos dos Amigos), a mesma do ex-chefe do tráfico de drogas na Rocinha (maior comunidade da zona sul), Antônio Bonfim Lopes, o Nem.

Segundo a página OTT-RJ, que faz um mapeamento não oficial, via redes sociais, de confrontos armados na cidade, PMs trocaram tiros com criminosos às 7h55. O clima é tenso na região.

Há duas semanas, o São Carlos e comunidades vizinhas (Mineira, Zinco e Querosene), também controladas pela ADA, foram alvo de uma grande operação que reuniu as polícias do Estado e as Forças Armadas. Mais de 1.700 homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica atuaram no cerco às favelas, com apoio de dez tanques de guerra, aeronaves e outros recursos.

Na ação realizada em 27 de outubro, 16 pessoas foram detidas, entre as quais quatro suspeitos que, segundo investigações, participaram da tentativa de invasão à Rocinha, em 17 de setembro, episódio que resultou em uma sangrenta disputa entre grupos rivais pelo comando do tráfico de drogas na comunidade.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, durante as incursões na área do São Carlos, há duas semanas, as equipes mobilizadas descobriram que o tráfico local havia ordenado que fuzis fossem escondidos em casas de moradores. A informação foi fornecida por um dos 16 presos na ocasião.

O subsecretário de Comando e Controle da secretaria, Rodrigo Alves, afirmou que a imposição partiu de Leonardo Miranda da Silva, o Léo Empada, um dos gerentes das bocas de fumo da favela.

chamada matéria 'Fogo cruzado: vias do RJ registram 226 mortos a tiro em pouco mais de 1 ano' - Arte/UOL - Arte/UOL
Veja também: "Vias do RJ registram 226 mortos a tiro em pouco mais de 1 ano"
Imagem: Arte/UOL

Empada, que é procurado pela polícia, foi um dos membros do grupo --chamado "Bonde do Mestre-- que tentou invadir a Rocinha em setembro. Ele e outros traficantes leais a Nem tentaram, na ocasião, derrubar o bando de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que assumiu o comando do crime organizado na comunidade da zona sul após a prisão de Nem, em 2011.

Atualmente, o ex-chefe da Rocinha cumpre pena na penitenciária federal de segurança máxima de Porto Velho, em Rondônia.

Manga, o escolhido de Nem

Rodrigo Alves também explicou que outro foragido da polícia, Ramon Aleluia da Silva, o Manga, é o homem de confiança de Nem e apontado como segundo criminoso na hierarquia do "Bonde do Mestre".

"Se a tentativa de invasão tivesse dado certo, o Manga seria o chefe da Rocinha. Ele foi escolhido pessoalmente pelo Nem", disse o subsecretário de Comando e Controle.

Um dos presos no cerco militar ao São Carlos, Gabriel Teixeira Mendes, atuava como segurança de Manga, segundo apontam as investigações da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), da Polícia Civil. Ele e outros três suspeitos foram localizados em uma casa situada na divisa entre os morros do São Carlos e da Mineira.