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Grávida de 9 meses recebe alta, mas morre poucas horas após sair de hospital em SP

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Renan Prates

Colaboração para o UOL

13/11/2017 18h00

Uma grávida de 9 meses morreu horas depois de dar entrada na Santa Casa de São Roque, interior de São Paulo. O bebê também não resistiu.

Bruna Pires, de 28 anos, morreu no último sábado (11), pouco antes das 15h. A Santa Casa emitiu nota oficial sobre o caso informando que ela morreu de Aneurisma da Aorta Abdominal (AAA).

O noivo de Bruna, Caio Cesar, registrou um Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso, na tentativa de que seja desvendada a causa da morte e de que o caso seja investigado.

O UOL teve acesso ao Boletim de Ocorrência que foi feito no mesmo dia da morte de Bruna - por volta das 23h. Nele, Caio Cesar afirmou que na sexta levou Bruna para a Santa Casa, pois ela reclamava de muitas dores.

No local, ela foi atendida pelo plantonista. Foi feito exame de toque e outros procedimentos. O médico de plantão informou que ela e o bebê estavam bem. Eles ficaram no hospital até as 4h30 de sábado, quando Bruna recebeu alta.

Ainda de acordo com o que foi relatado por Caio no B.O., Bruna chegou em casa, bebeu água e foi dormir. Ela acordou reclamando de dores novamente. O noivo informou que a sua boca espumava e que ela ficou pálida. Além disso, saía líquido da vagina e gotículas de sangue da boca da vítima.

O Samu foi chamado, e Bruna recebeu ainda em sua casa massagem cardíaca feita pelos atendentes. Os socorristas dizem que ela estava sem pulso quando entrou na Santa Casa. Após 30 minutos, Caio disse que foi informado pela médica obstetra da morte de Bruna e do bebê.

Em nota oficial, a Santa Casa de São Roque fez questão de enfatizar o quanto se tratou de um caso raro, já que o AAA costuma acontecer apenas em homens e mulheres com mais de 50 anos. “Importante frisar que dor abdominal atípica ou dor nas costas podem estar presentes em casos de AAA, mas não são sintomas específicos, uma vez que a maioria dos casos é silenciosa, e em geral são achados ocasionais durante exames de imagem para outras finalidades diagnósticas.”

O UOL consultou Andrea Klepacz, especialista em cirurgia vascular, que confirmou a explicação do hospital sobre a raridade de casos de AAA em mulheres com menos de 50 anos.

“O aneurisma de aorta acaba sendo doença muito ingrata do ponto de vista tanto da mortalidade, quanto do diagnóstico, porque normalmente é uma doença silenciosa. Então a maioria dos aneurismas não dá nenhum sintoma até o rompimento, que é uma situação de emergência. Em alguns casos que o aneurisma está crescendo muito no abdome, ele acaba causando uma dor abdominal discreta, e às vezes uma dor na coluna. Mas são sintomas que acabam passando batido até para profissionais experientes”, explicou Klepacz. “Em uma mulher jovem, sem histórico de doenças no colágeno, sem história de vasculite, é um diagnóstico praticamente impossível de se dar mesmo pelo médico especialista, porque é um caso bastante raro.”

A Polícia Civil de São Roque está investigando o caso. Na nota oficial, a Santa Casa afirmou que “não fugirá de suas responsabilidades, não dificultará qualquer investigação e sempre estará de portas abertas para a população.”