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Ela se faz de rica com dinheiro ilícito, diz pai de jovem acusada de chefiar quadrilha no interior de SP

Maria Angélica Macedo Silva, presa acusada de participar de furtos em São Carlos (SP) - Reprodução/Facebook
Maria Angélica Macedo Silva, presa acusada de participar de furtos em São Carlos (SP) Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, de Ribeirão Preto

15/11/2017 12h12

O pai da jovem de 25 anos presa acusada de chefiar uma quadrilha especializada em furtos a residências de alto padrão em São Carlos (232 km de São Paulo) não quis ver a filha na delegacia e disse que não mantém contato com a garota desde que ela entrou no crime. “A gente não é rico. Depois que ela se envolveu com o crime, nem contato direito temos”, diz ele. “Ele coloca foto, se faz de rica, mas é tudo com dinheiro ilícito”, conta.

Maria Angélica Macedo Silva foi presa acusada de ter participado de uma tentativa de furto em uma residência de um dentista na rua Campos Salles, no centro de São Carlos, na segunda-feira (13). De acordo com a Polícia Civil, a jovem, formada em educação física, era alvo de investigação havia dois meses. Ela alugava carros e ia com outros bandidos a residências de luxo previamente escolhidas na cidade.

A suspeita foi encontrada em um posto de gasolina na região da casa. No carro com a placa reportada havia um jovem de 18 anos e um adolescente de 16 anos. Os donos da casa reconheceram a mulher no carro.

Bonita e jovem, ela ficou conhecida como "rainha do crime”, ostenta nas redes sociais, mas nega a autoria dos delitos. Em áudio obtido pela reportagem, ela diz que mora em Maresias (balneário localizado na cidade de São Sebastião) e que vive “só de curtição”. O pai dela nega.

O crime ocorreu segunda-feira, quando o dentista chegou em sua casa na hora do almoço e percebeu danos nas portas. Ele chamou a polícia e passou a placa de um Zafira preto que estava em frente ao imóvel. Maria Angélica estava no local, mas disse que era apenas “de passagem”.

A Polícia Militar foi chamada. Investigadores da Polícia Civil encontraram o automóvel dirigido por Maria Angélica.  Ela foi conduzida à delegacia e, reconhecida pelo dono da casa, foi presa. Um adolescente de 17 anos e um homem de 18, que estavam com ela no carro, também foram detidos.

A polícia foi até a casa dos suspeitos e encontrou joias, relógios, rádios, câmeras fotográficas e outros objetos que podem ser produtos de furto e roubo. Uma moto com queixa de furto também foi apreendida, e um outro rapaz de 26 anos foi detido por receptação.

Com base nas novas provas, Maria Angélica foi autuada em flagrante pelo crime de tentativa de furto qualificado e foi encaminhada ao Centro de Triagem de Ribeirão Bonito. De lá, passou pela audiência de custódia, teve a prisão preventiva decretada e foi enviada à cadeia de Pirajuí.

Em um deles, a polícia encontrou televisores e malas com objetos de valor, como joias, aparelhos eletrônicos, perfumes importados e bebidas. Também foram encontradas joias na casa do jovem detido.

Chamada de “rainha do crime” pelos policiais, ela disse à polícia que apenas era responsável pela direção do carro enquanto os jovens praticavam os furtos. Em sua conta nas redes sociais, é possível identificar diversas fotos dela ostentando uma vida de luxo.

A suspeita aguarda por audiência em uma cadeia feminina, e os jovens foram dispensados depois de prestar depoimento.

"Mentora intelectual"

O delegado Mauricio Dotta, responsável pelas investigações, disse acreditar que a suspeita esteja envolvida em pelo menos 20 roubos e furtos em São Carlos. Ela continua sendo investigada e pode ser indiciada em outros crimes.

Na delegacia, ela negou a participação. “Estou em visita aos meus pais, mas não tenho envolvimento com o crime. Moro em Maresias, curto a vida. Não preciso disso. Não vou ficar atrás de [roubar] TV, isso para mim é muamba”, afirmou.

Já Dotta acredita que Maria Angélica, que tem passagem anterior por furto, é a líder de uma quadrilha especializada em furtos a residências de alto padrão. “Ela escolhia pessoas de classe social elevada e fazia todo o planejamento, organizando as ações e contatando as outras pessoas, que serviam de executores. Ela era a mentora intelectual.”