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Após prisão, traficante diz que policiais o acharam por acaso: "não sabiam que eu era o Rogério"

Policial faz selfie com o traficante Rogério 157 após sua prisão na favela do Arará - Divulgação
Policial faz selfie com o traficante Rogério 157 após sua prisão na favela do Arará Imagem: Divulgação

Giovani Lettiere

Colaboração para o UOL, no Rio

06/12/2017 17h57

Chefe do tráfico de drogas na Rocinha, comunidade da sul do Rio de Janeiro, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, disse na DCOD (Delegacia de Combate às Drogas) que sua prisão na manhã desta quarta-feira (6) na favela do Arará, em Benfica, zona norte carioca, aconteceu por acaso.

"Não era para mim. Foi uma prisão por engano. Me encontraram de repente. Não sabiam que eu era o Rogério. Falaram na hora que eu era muito parecido com o Rogério", disse o traficante a seu advogado, que pediu que não fosse identificado-- e perante agentes da DCOD num depoimento informal. O traficante permaneceu em silêncio durante depoimento formal, como estratégia de sua defesa.

Para Rogério, a operação não tinha objetivo sua prisão. "Ele não foi reconhecido imediatamente por estar sem seus cordões de ouro, sem armas, e sem seguranças. Viram uma movimentação estranha no alto de uma casa e entraram nela. Lá, bateram de frente com o Rogério", relatou o advogado.

Veja o momento da prisão de Rogério 157

UOL Notícias

Policiais o reconheceram prontamente, diz delegado

Já a Polícia Civil do Rio diz que tinha pistas de que ele poderia estar no Arará e em outras comunidades da região, mas não sabia a exata localização do criminoso.

Segundo o delegado Gabriel Ferrando, que coordenou a investigação, as equipes estavam mapeando a movimentação de Rogério 157 desde a sua fuga da Rocinha após a tentativa de invasão do bando rival chefiado por Antônio Bonfim Lopes, o Nem.

De acordo com os investigadores, o criminoso se revezava entre comunidades do Comando Vermelho, facção para a qual ele migrou após ficar isolado no ADA (Amigos dos Amigos), e adotou técnicas de camuflagem para não ser reconhecido. Teria, inclusive, tentado mudar sua fisionomia, com corte de cabelo, roupas e outras intervenções, com a tentativa de apagar tatuagens e uma cicatriz.

"Os planetas se alinharam e as informações foram muito precisas. (...) Mobilizamos na operação policiais que já conheciam a sua fisionomia. Eles prontamente o reconheceram e ele não ofereceu resistência", explicou Ferrando.

No momento de sua localização, segundo policiais, 157 estava deitado em uma cama, de cueca, com um cobertor até a cabeça e fingindo estar dormindo. Segundo a Polícia Civil, ele tentou se passar por outra pessoa.

Ferrando disse ainda que, após recebe voz de prisão, Rogério 157 tentou subornar os policiais. "De certa forma, ele tentou dizer que a nossa vida estaria resolvida. Não chegou a oferecer, mas a ousadia é tanta que ele chegou a insinuar que a nossa vida estaria resolvida."

Segundo a defesa do traficante, atualmente, há 15 mandados de prisão contra 157. "Ele só vai falar em juízo. Vai manter o silêncio até lá", disse outra advogada, que também pediu para não ser identificada.

Rogério chegou à Cidade da Polícia, onde fica a DCOD, por volta das 7h. Os delegados Ferrando e Cristina Bento, da 12ª e 13ª DPs, estiveram na delegacia especializada para tentar colher o depoimento do criminoso.

Quem também chegou no final da manhã de hoje foi o secretário de Segurança, Roberto Sá, que foi parabenizar os policiais pela prisão de Rogério 157. "É uma prisão simbólica, muito importante para o Rio. Mesmo a polícia sofrendo com a falta de recursos, conseguiu cumprir o seu papel", disse Sá.

Tiros perto da Cidade da Polícia

Por volta das 12h30, um intenso tiroteio do lado de fora da Cidade da Polícia fez com que muitos jornalistas deitassem no chão para se protegerem. A Polícia Militar disse que a troca de tiros aconteceu por conta de uma operação na vizinha UPP do Jacarezinho, também na zona norte.

Às 13h, Rogério saiu das dependências da DCOD e foi levado para a Polinter --que cuida das prisões e que funciona dentro do bloco 4 do complexo de delegacias-- para ter a prisão formalizada.

Um agente chegou a dizer ao UOL que Rogério dormiria na Polinter, pois ficaria tarde para a transferência dele para Bangu 1, no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. Mas o advogado do criminoso disse que ele vai ainda nesta quarta-feira para a prisão de segurança máxima. Os exames de corpo de delito devem ser erão feitos no IML (Instituto Médico Legal) do próprio presídio de Bangu 1.

O secretário Roberto Sá afirmou que pedirá a transferência dele para presídio fora do Rio.