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Governo do Rio pede renovação da presença das Forças Armadas até o fim de 2018

13.dez.2017 - Forças Armadas realizam operação na favela Nova Holanda e em outros pontos do Complexo da Maré, na zona norte do Rio  - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
13.dez.2017 - Forças Armadas realizam operação na favela Nova Holanda e em outros pontos do Complexo da Maré, na zona norte do Rio Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

28/12/2017 14h47

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, confirmou nesta quinta-feira (28) que o governo do Rio de Janeiro solicitou formalmente à União a renovação da presença das Forças Armadas no Estado até o fim de 2018 –o decreto que autoriza a presença dos militares no Rio vai apenas até o dia 31 de dezembro. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (28), em Brasília.

O pedido, segundo o ministro, foi feito pelo governador Luiz Fernando Pezão e será discutido nos próximos dias com o presidente Michel Temer.

Jungmann informou que pretende incluir na negociação um "protocolo" para tentar deixar mais claro qual será a função das Forças Armadas e quais atribuições são de responsabilidade do Estado do Rio.

“O que nós fizemos, basicamente, é trabalhar integradamente e quando há as operações. Quem faz busca, apreensão e captura são as forças policiais. Não temos autorização para isso. Fechamos comunidades para liberar forças policiais para que subam no morro, eles conhecem melhor que nós, e realizem busca e apreensão. As Forças Armadas atuam em inteligência, varredura e fechamento de comunidades”, disse o ministro.

Jungmann não soube prever, no entanto, quanto será investido na operação no próximo ano. Segundo ele, desde o fim de julho a União disponibilizou R$ 47 milhões para a operação “Rio quer segurança e paz”, dos quais R$ 42 milhões foram utilizados –uma reportagem do UOL mostrou que o governo federal gastou 158% a mais na divulgação das ações de reforço das Forças Armadas no Estado do Rio de Janeiro do que com a própria operação das tropas.

Ao longo da última década, o Estado do Rio de Janeiro recorreu formalmente à intervenção das Forças Armadas 12 vezes. Desde 2016, o reforço foi acionado em quatro momentos: durante as Olimpíadas (agosto de 2016), nas eleições (outubro de 2016), na votação do pacote de austeridade na Assembleia Legislativa (fevereiro de 2017) e agora, no reforço da segurança.

As GLOs (Garantias de Lei e Ordem), como são chamadas, dão poder de polícia aos militares e foram autorizadas pela União a pedido do governo fluminense. A frequência da presença das Forças Militares, no entanto, gera dúvidas sobre a sua real eficácia.

Crise na segurança

O Rio passa por uma escalada de violência. Desde setembro, traficantes se enfrentam pelo controle da venda de drogas na favela da Rocinha, na zona sul do Rio.

Por uma semana, quase mil homens das Forças Armadas e policiais fizeram um cerco à favela. Cerca de 8.500 militares reforçam a segurança no Estado desde o fim de julho.

Em agosto, o governo do Rio decidiu reduzir em 30% o efetivo das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) como forma de aumentar o número de policiais nas ruas. Essa mudança foi considerada um recuo no programa implantado em 2008 para tentar retomar áreas dominadas pelo tráfico de drogas.

Na primeira semana de outubro, pesquisa Datafolha mostrou que, se pudessem, 72% dos moradores iriam embora do Rio por causa da violência. O desejo de deixar a cidade é majoritário em todas as regiões e faixas socioeconômicas. Foram ouvidas 812 pessoas, e a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.