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Carro em que menina foi morta pela PM do Piauí estava parado

A lataria do carro da família da menina Emile Costa ficou crivada de balas - Reprodução/180 Graus
A lataria do carro da família da menina Emile Costa ficou crivada de balas Imagem: Reprodução/180 Graus

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

03/01/2018 14h33

O carro da família da menina Emile Caetano da Costa, 9, estava parado durante a abordagem de policiais militares na avenida João XXIII, zona leste de Teresina (PI), quando ela foi atingida no dia 26 de dezembro por dois tiros disparados por um soldado da equipe. Das cinco pessoas que estavam no carro, três foram atingidas por tiros disparados pela polícia e Emile morreu.

Segundo o delegado Francisco Costa Baretta, da Delegacia de Divisão de Homicídios, tanto o depoimento da mãe de Emile, Daiane Caetano, quanto de cinco testemunhas que viram a abordagem confirmaram que o ataque da PM ao veículo ocorreu quando ele estava parado. Dois policiais envolvidos na ação continuam presos no Quartel da Polícia Militar em Teresina.

“Além de Daiane, outras cinco testemunhas que ouvimos nas oitivas confirmaram que o carro da família estava parado. Isso é muito grave”, destacou Baretta.

O delegado afirma que o resultado da ação da PM foi grave e que “jamais era para os policiais terem chegado logo atirando”. “A primeira regra que aprendemos no manual da polícia é que temos de preservar a vida humana e depois aplicar a lei. Entre matar o criminoso ou deixá-lo fugir, ele vai fugir porque não vou matá-lo. Depois o prendo”, disse Baretta.

Na ação, além de Emile, o pai dela, Evandro Caetano Costa, e a mãe, Daiane Caetano Costa, foram baleados. Evandro levou um tiro na cabeça e perdeu 100% da audição do ouvido esquerdo. Daiane levou um tiro no braço e, por pouco, a filha de oito meses, não foi atingida na cabeça. A bebê estava sendo amamentada no momento dos tiros. A terceira filha do casal saiu ilesa.

A família fez exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal) de Teresina, nesta terça-feira (2), para que os resultados sejam anexados ao inquérito policial.

A Polícia Civil deverá indiciar os policiais envolvidos na ação por homicídio doloso qualificado, por a vítima ter menos de 14 anos, e fraude processual, pois os PMs esconderam os estojos das balas adulterando a cena do crime antes da perícia criminal chegar.

Investigação na PM

A Corregedoria de Polícia Militar do Piauí informou que está acompanhando as investigações e só irá se pronunciar quando o inquérito da Polícia Civil estiver pronto.

As investigações têm até 30 dias para serem concluídas, entretanto, se a polícia necessitar de mais tempo, poderá solicitar prorrogação à Justiça por igual período. A Corregedoria informou ainda que os policiais envolvidos na ação terão ampla defesa durante o processo investigatório.

Os disparos que atingiram Emille e sua família foram feitos pelo soldado Aldo Barbosa Dornel. Segundo a PM, ele ingressou na corporação para fazer o curso de formação de oficiais por meio de uma liminar judicial, pois fora reprovado no exame psicotécnico.