Pai de menino morto por bala perdida no Réveillon de SP critica Justiça por soltar suspeito
David Santos, o pai do menino de cinco anos que morreu ao ser atingido por uma bala perdida no quintal de casa durante o Réveillon de São Paulo, criticou a decisão da Justiça de liberar o único suspeito do assassinato de seu filho e disse que ele deveria estar preso.
O menino Arthur Aparecido Bencid Silva foi baleado quando estava brincando no quintal de sua casa, onde a família comemorava a chegada do Ano-Novo. Durante a queima de fogos, nos primeiros minutos do dia 1º, o menino caiu no chão sem motivo aparente. Só após levá-lo a um hospital, os familiares descobriram que ele havia sido atingido por um tiro na parte superior da cabeça.
A Polícia Civil iniciou uma investigação e deteve um jovem que admitiu ter feito disparos para o alto para celebrar o Ano-Novo com um revólver de calibre 38 -- o mesmo do projétil retirado do corpo do menino. A principal hipótese da polícia é que um dos projéteis tenha subido a certa altura e, ao cair, tenha atingido o menino acidentalmente.
O suspeito disse que fez os disparos a mais de três quilômetros de onde estava a vítima. Se isso for verdade, seria praticamente impossível que um dos tiros tenha atingido Arthur. Um exame pericial comparando o projétil que atingiu o menino e a arma do suspeito está sendo realizado e deve tirar a dúvida.
Na madrugada de quarta-feira, os policiais que conduzem a investigação pediram a prisão temporária do suspeito à Justiça, mas a solicitação foi negada por falta de provas e ele acabou liberado horas depois.
"Se ele confessou disparos pro alto e a polícia não conseguiu no momento identificar que foi a arma que atingiu meu filho, deveria ter continuado preso, independente de qualquer coisa", disse o pai.
A polícia afirmou ainda que na madrugada do primeiro dia do ano, o mesmo suspeito chegou a ser detido por posse de arma e foi liberado após pagamento de R$ 500 de fiança. O pai da criança disse que só por andar um com uma arma ilegal, o suspeito deveria ser preso.
"No caso dele, [a posse de arma] é ilegal. E se é ilegal, ele tem que estar preso", disse Santos.
Os pais de Arthur foram ao 89° Distrito Policial, no Morumbi, por volta das 17h desta quarta-feira para prestar depoimento ao delegado Antônio Sucupira Neto, responsável pelo caso.
"A gente vem aqui destruídos, mas a gente têm que ajudar a polícia, cumprir nosso papel de dar o depoimento. A gente espera que tenha um final de certa forma justo".
"O único jeito de acabar de forma justa seria com o meu filho vivo", disse Santos.
Tanto o pai como a mãe do menino disseram que não ouviram barulhos de tiro no momento em que Arthur caiu e que o portão da casa onde eles estavam se encontrava fechado.
"É triste, é lamentável, a gente pensa que nunca vai acontecer com a gente", disse a mãe de Arthur, Valéria Aparecido.
"Podia ser qualquer um, mas infelizmente foi o meu filho", lamentou a mãe. "É uma violência em que está o nosso mundo. Qualquer um aqui pode estar correndo esse risco".
Escuta telefônica
O único suspeito do caso divulgado pela polícia até o momento foi encontrado graças a uma interceptação telefônica que era parte de outra investigação.
A polícia ouviu uma conversa segundo a qual o suspeito teria feito disparos para comemorar 2018 e depois conseguiu identificá-lo.
O exame pericial que compara a arma que ele usou e o projétil que atingiu Arthur deve ficar pronto em no mínimo três dias.
Hospitais podem ser investigados
Uma suposta negligência no atendimento médico ao menino Arthur também pode ser alvo de investigações pela Polícia Civil, de acordo com o delegado Sucupira Neto.
Em entrevista ao UOL, um familiar do garoto relatou dificuldades na transferência de Arthur entre um hospital e outro por falta de equipamentos e médicos. Os pais de Arthur, segundo o delegado, detalharam essas dificuldades durante o depoimento.
"Segundo informações [do pai e da mãe], o garoto precisava de uma UTI [Unidade de Tratamento Intensivo], e o hospital em que ele foi atendido em um primeiro momento não dispunha dessa UTI", disse o delegado.
Os pais também disseram ao delegado, ainda na casa onde a família se encontrava, Arthur chegou a ser atendido por uma parente, que seria enfermeira, e que teria acompanhado a busca por atendimento médico. Ela deve ser ouvida pela polícia nos próximos dias.
"É lógico que, se nós entendermos que houve negligência no atendimento médico, isso será também objeto de investigação", reforçou o delegado.
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