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Diretora de presídio em Goiás é afastada após vídeo de presos em festa com drogas

Cela de presídio onde houve rebelião em Aparecida de Goiânia - Divulgação/TJ-GO
Cela de presídio onde houve rebelião em Aparecida de Goiânia Imagem: Divulgação/TJ-GO

Do UOL, em Brasília

06/01/2018 13h58

A diretora do complexo prisional de Aparecida de Goiânia (GO), Edleidy Rodrigues, foi afastada do cargo após vir a público um vídeo em que presos usam drogas em uma “festa” realizada pelos detentos. Não há confirmação se o vídeo foi gravado dentro do presídio de Aparecida.

A unidade prisional sofreu três rebeliões na última semana. O primeiro dos motins, na segunda-feira (1º), resultou em nove mortos e 14 feridos. A última rebelião foi controlada na madrugada desta sexta-feira (5).

No vídeo, os detentos aparecem comemorando no pátio. Entre as cenas, há uma mesa com diversas carreiras de cocaína e os presidiários se revezam para usar a droga. A DGAP (Diretoria-Geral de Administração Penitenciária) de Goiás investiga o vídeo. 

O afastamento da diretora da unidade será mantido “até a apuração dos fatos”, segundo informou a DGAP. Um diretor interino foi nomeado para a unidade.

Rebeliões

Na última segunda-feira (1º), uma rebelião iniciada em uma ala do semiaberto da penitenciária de Aparecida de Goiânia deixou nove detentos mortos e resultou na fuga de 242 presidiários. Destes, haviam sido recapturados 143, mas 99 ainda estariam foragidos até a noite da sexta-feira. Após o motim, foram encontradas três armas de fogo enterradas no pátio da cadeia.

3.jan.2018 - Inspeção mostra buraco em prisão de Aparecida de Goiânia, em Goiás, onde houve rebelião que deixou nove mortos - Divulgação/TJ-GO - Divulgação/TJ-GO
Inspeção encontrou buraco em prisão de Aparecida de Goiânia
Imagem: Divulgação/TJ-GO

O segundo motim ocorreu na quinta-feira (4). Segundo a DGAP, os detentos da ala C da Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia colocaram fogo em objetos após a tentativa frustrada de invadir outras alas. Um grupo tático de agentes da DGAP entrou no local com unidades da Polícia Militar.

Segundo comunicado do governo de Goiás, houve "tentativa de explosão de uma granada e troca de tiros", mas o motim foi controlado por forças de segurança. Ninguém ficou ferido, mas houve uma fuga.

A rebelião começou quando presos de uma ala controlada pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tentaram invadir outras alas onde estão membros da facção rival CV (Comando Vermelho), disse o governo.

Disputa de facções

O secretário da Segurança Pública e Administração da Penitenciária de Goiás, Ricardo Balestreri, disse ao UOL na quarta-feira que a primeira rebelião na unidade, ocorrida no início da semana, foi motivada por uma disputa de poder entre o PCC e o CV.

Os conflitos entre os dois grupos criminosos ocorrem no Estado desde 2013, quando membros do CV tentaram impedir que o PCC cooptasse novos seguidores em penitenciárias de Goiás.

O Estado é importante para as facções por sua localização geográfica. A região funciona como centro de distribuição de drogas que vêm dos países andinos para outros Estados do Brasil. Além disso Goiás está próximo do Distrito Federal, considerado um grande mercado consumidor de entorpecentes.

As duas rebeliões aconteceram na parte da penitenciária que abriga cerca de 770 detentos apelidados de "bloqueados" por cumprirem pena em regime fechado. A ala C, dominada pelo PCC, teria cerca de 450 presos.