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Única linha do metrô funcionando é a privada, diz Alckmin ao criticar greve

Do UOL, em São Paulo

18/01/2018 09h13

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), criticou a paralisação dos metroviários de São Paulo iniciada na manhã desta quinta-feira (18) e defendeu as privatizações das linhas 5-lilás e 17-ouro (monotrilho) do metrô. Em vídeo publicado nas redes sociais, o tucano disse que a greve reforça a convicção do governo de que está correta a concessão, citando a linha 4-amarela como única que está funcionando completamente.

“[A greve] Nos reforça a convicção de que está correta a concessão da linha 5 e da linha 17. Veja que neste momento a única linha operando totalmente é aquela operada pela iniciativa privada, que é a linha 4”, disse o tucano.

A paralisação foi aprovada em assembleia realizada na noite da quarta-feira e é uma resposta da categoria à decisão do governo de conceder as referidas linhas à iniciativa privada. O resultado da licitação será conhecido na sexta-feira (19), e uma empresa ou consórcio será responsável pela operação das duas linhas.

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A linha 5-lilás parte do Capão Redondo e vai até a estação Brooklin, ambas na zona sul. A linha ainda está em obras e deverá chegar até a estação Chácara Klabin, da linha 2-verde, com conexão com a linha 1-azul na estação Santa Cruz. Já a linha 15-ouro do monotrilho, que ainda está em obras, sairá do aeroporto de Congonhas e seguirá até a estação Morumbi da CPTM. A meta atual de entrega da obra é 2019.

No vídeo, Alckmin classificou como absurda a greve de 24 horas. “Esta absurda greve por parte dos metroviários, que não respeita decisão judicial, que garantiu 80% de funcionamento em horário de pico”.

Ele se refere à decisão da Justiça do Trabalho, na terça-feira (16), antecedendo-se inclusive à decisão da categoria, determinou em liminar que 80% dos profissionais devem trabalhar nos horários de pico da operação e 60% fora do horário de pico, sob o peso da aplicação de uma multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. O sindicato já tinha dito, no entanto, que não cumpriria a ordem judicial.

O governador afirmou que sua gestão não irá voltar atrás na decisão de conceder as duas linhas à iniciativa privada. “Nós não vamos retroagir e queremos ampliar o serviço de metrô e trem em São Paulo e com melhor qualidade de serviços”, concluiu.

Metroviários prometeram fazer um ato público a partir das 9h da sexta-feira (19) em frente à Bolsa de Valores de São Paulo, onde será realizado o leilão de privatização.

Críticas à privatização

Entre os itens questionados pelos metroviários está a grande defasagem entre o volume do lucro estimado pelo governo do Estado à iniciativa privada em comparação com o baixo pagamento esperado pela futura concessionária.

O esperado é que o contrato renda mais de R$ 10,8 bilhões. Enquanto isso, o lance mínimo é de R$ 189 milhões, com contrapartida de investimento de R$ 3 bilhões, ao longo de 20 anos.

A licitação chegou a ser suspensa pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O tribunal pediu explicações, por exemplo, sobre a junção das linhas 5 e 17 num mesmo pacote de concessão e o pagamento de multas por parte do governo do Estado à futura concessionária caso atrase a entrega de futuras estações. Após análise das respostas do Metrô, o TCE pediu alteração de um item do edital e a licitação pôde ser retomada.

Na última semana, os metroviários disseram crer que a CCR será a vencedora da concorrência. A empresa é a maior do setor metroviário no país e já opera a linha 4-amarela, a primeira a ser concessionada em São Paulo.

Segundo a categoria, a empresa foi a única que fez análise de viabilidade econômica em campo, ou seja, nas linhas que serão licitadas. Metroviários dizem ainda que que há indícios de direcionamento para favorecer a empresa.

A CCR nega as acusações e as classifica como infundadas. Já o Metrô chamou as declarações dos metroviários de levianas e também negou qualquer direcionamento. O Metrô disse ainda que fez uma apresentação da licitação a grupos de infraestruturas internacionais, para aumentar a concorrência pelo contrato.