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Com foto antiga e nome errado, ela conseguiu achar o pai 23 anos depois: "Nós dois choramos"

Julia Consuelo Botechia publicou pedido de ajuda no Facebook em busca do pai - Arquivo Pessoal
Julia Consuelo Botechia publicou pedido de ajuda no Facebook em busca do pai Imagem: Arquivo Pessoal

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto

31/01/2018 18h49Atualizada em 31/01/2018 19h17

Ela só tinha uma foto antiga e um nome errado. Ainda assim, uma manicure de 23 anos de Ribeirão Preto, a 313 km de São Paulo, conseguiu localizar, por meio das redes sociais, o pai que ela nunca conheceu. O homem, que teve um relacionamento de cinco meses com a mãe dela e partiu da cidade sem saber da gravidez, hoje mora em Pernambuco.

Julia Consuelo Botechia contou a história dela no Facebook com uma foto tirada em 1993 onde o pai e a mãe aparecem juntos. “Minha mãe não sabia o sobrenome, mas disse que ele se chamava Mário. Na verdade, o nome era Amaro”, conta.

A postagem, feita no último dia 16, chegou, seis dias mais tarde, a uma sobrinha de Amaro Luis Tavares que mora em Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. “Ele me disse que a sobrinha jogou a mensagem no grupo da família e confirmou que era ele mesmo. A partir daí, fizemos contato e consegui o telefone dele”, conta.

Amaro Luis Tavares  - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A foto do pai e da mãe de Júlia, tirada em 1993 e compartilhada nas redes
Imagem: Arquivo Pessoal
Tavares, hoje com 56 anos, conta que ficou surpreso. “Eu sabia que era eu, a foto era minha, mas eu não sabia que era a Marli [Pereira, mãe de Júlia]. Eu não sabia que ela estava grávida quando sai de Ribeirão, senão não teria abandonado minha filha”, diz ele, que trabalha como caseiro.

Ele conta que teve um filho do primeiro casamento, que morreu há 29 anos. “Agora ganhei uma filha e uma neta. Foi um presente de Deus, ainda estou meio bobo, a ficha não caiu, estou muito feliz”, conta ele, que também mora em Cabo de Santo Agostinho.

O que a mãe de Júlia dizia a ela, desde seus 9 anos, é que seu pai havia ido embora antes de ela nascer. “Tive um pai de criação, mas desde criança tinha a curiosidade de conhecer o biológico. Cheguei a tentar procurá-lo de outras maneiras, mas nunca tinha dado certo.”

A primeira conversa entre os dois aconteceu por telefone. “Eu liguei, ele atendeu e falou que não estava acreditando, ficou muito feliz. Lembrou da minha mãe, pediu para falar com ela. Ele disse que não tinha ninguém e que nós fomos um presente de Deus para ele. Nós dois choramos", conta. 

No mesmo dia, eles conversaram por meio de uma chamada de vídeo. “Foi muito emocionante. Agora, nos falamos todo dia”, conta Júlia.

Amaro Luis Tavares, que encontrou a filha pelo Facebook - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Amaro Luis Tavares
Imagem: Arquivo Pessoal
Julia planeja agora encontrar o pai pessoalmente. Ela quer comemorar com ele o aniversário de 24 anos, em 23 de março. O dinheiro, porém, mantém os dois afastados.

“Infelizmente, não tenho condições, no momento, de arcar com esse valor”, conta ela, que estima em R$ 1.100 os custos da viagem.

Para tentar realizar o encontro, ela criou uma campanha de financiamento virtual pela internet. “Estou tentando conseguir o dinheiro para minha passagem e a da minha filhinha”, conta. Até esta quarta-feira à tarde, as doações somam R$ 190.