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Fogo Cruzado: Rio fecha 1º mês do ano com 688 tiroteios e média de 22 por dia

1ºfev.2018 - PMs trocam tiros com criminosos na Linha Amarela, que margeia a favela da Cidade de Deus, na zona oeste carioca - Gabriel de Paiva / Agência O Globo
1ºfev.2018 - PMs trocam tiros com criminosos na Linha Amarela, que margeia a favela da Cidade de Deus, na zona oeste carioca Imagem: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

01/02/2018 11h56

O Fogo Cruzado, serviço colaborativo e não oficial que mapeia tiroteios no Rio de Janeiro, registrou 688 tiroteios e disparos de armas de fogo no primeiro mês deste ano na região metropolitana. O dado, divulgado nesta quinta-feira (1º), representa uma média de 22 ocorrências por dia e é o maior (do ranking mensal) já observado desde que o Fogo Cruzado começou a funcionar, em 5 de julho de 2016.

Em comparação com janeiro do ano passado, houve um crescimento de 117%, de acordo com o levantamento. Há exatamente 12 meses, o Fogo Cruzado divulgava o balanço de janeiro com 317 disparos ou troca de tiros.

O total de mortes violentas também aumentou: o primeiro mês deste ano teve 146 mortes por arma de fogo e 158 feridos. Em janeiro do ano passado, foram 115 mortes e 141 feridos.

Em áreas com UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), foram observadas 207 ocorrências de tiros e tiroteios, com maior incidência nas unidades da Cidade de Deus (46 registros) e da Rocinha (23 notificações), favelas das zonas oeste e sul, respectivamente.

homem revistado no jacarezinho - Gabriel de Paiva/Agência O Globo - Gabriel de Paiva/Agência O Globo
30.fev.2018 - Homem é revistado durante ação policial na zona norte do Rio
Imagem: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Impulsionaram as estatísticas do Fogo Cruzado os tiroteios que ocorreram justamente nas duas comunidades, nesta semana. Na Cidade de Deus, os confrontos entre PMs e criminosos levaram ao fechamento da Linha Amarela, uma das principais vias expressas da capital fluminense, por dois dias consecutivos.

Na quarta-feira (31), uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus deixou ao menos três suspeitos mortos, entre os quais um suposto líder do tráfico local. Na sequência, criminosos teriam dado ordem para que fossem realizados atos de violência e vandalismo na Linha Amarela, segundo a PM.

Protestos com barricadas de fogo assustaram motoristas e resultaram na interdição da via por mais de uma hora. O trânsito só foi liberado por volta das 13h.

Nesta quinta-feira (1º), um carro da PM foi atacado a tiros quando trafegava por uma alça de acesso à Linha Amarela e os policiais revidaram. De acordo com o Centro de Operações Rio, as pistas nos dois sentidos foram bloqueadas por volta das 8h10. As interdições foram desfeitas cerca de 40 minutos depois.

Os motoristas ficaram retidos nas imediações da Cidade de Deus. Alguns chegaram a sentar no chão e buscar proteção atrás dos carros até que a situação fosse normalizada. Imagens de câmeras de trânsito mostraram um carro da Polícia Militar parado na alça de acesso, e homens fardados, atrás das muretas, apontando armas em direção à favela. A PM afirmou que não havia operação na comunidade no momento do tiroteio.

Já na Rocinha, na última terça-feira (30), dois suspeitos morreram durante uma operação do COE (Comando de Operações Especiais da Polícia Militar).

Na localidade conhecida como rua do Valão, homens do Batalhão de Choque trocaram tiros com traficantes no decorrer de uma incursão. Um morador de 42 anos foi ferido por uma bala perdida e levado para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Rocinha.

"Polícia faz o que está ao seu alcance", diz Sá

O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, disse na quarta que o governo estadual vem "trabalhando para que instituições possam dar cada vez mais respostas" que visem o combate às ações do crime organizado no Estado. Sá fez uma avaliação do conflito a partir do fechamento da Linha Amarela.

"Nós estamos trabalhando para que as instituições possam dar cada vez respostas a ações como estas e que as forças de segurança possam minimizar e, se possível, impedir que isto continue acontecendo. A polícia do Rio, apoiada até por forças federais, faz o que está ao seu alcance para evitar que fatos como os de hoje continuem a acontecer", afirmou o secretário.

Ele comentou ainda que o Rio vive uma situação complexa, onde somente no ano passado quase 500 fuzis foram apreendidos pelas forças de segurança."Numa situação complexa, enfrentando uma realidade de que a cada abordagem de carros suspeitos e apreensão de armas, tropeça-se em um fuzil, isso tem que gerar uma reflexão. Foram 499 fuzis apreendidos somente no ano passado", afirmou.

Roberto Sá afirmou ainda que, apesar de a PM trabalhar com estrutura precária --com carros e helicóptero quebrados--, chega a prender 4.000 pessoas por mês.

"Nós apostamos muito na decisão do governador [Luiz Fernando Pezão] de criação do fundo estadual de segurança publica que vai dar ao gestor um mínimo de previsibilidade para poder trabalhar e de ter investimento para a polícia poder trabalhar", avaliou.

"Lamentavelmente mais uma vez uma via importante ficou fechada em razão da violência, mas isto está acontecendo porque a polícia está ali trabalhando e tentando evitar que delitos aconteçam contra à sociedade."

(Com informações da Agência Brasil)

Tiroteio assusta motoristas na Linha Amarela

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