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Policiais usam cassetete e bala de borracha para conter homem nu em rua do RS; veja

Policiais militares tentam conter homem nu, que bloqueava rua no Rio Grande do Sul - Reprodução - Reprodução
Policiais militares tentam conter homem nu, que bloqueava rua no Rio Grande do Sul
Imagem: Reprodução

Demetrio Vecchioli

Colaboração para o UOL

07/02/2018 14h57

Um homem nu, dando socos no ar e lutando contra seu próprio corpo para conseguir se manter em pé enquanto comete o crime de atrapalhar o trânsito de uma via pacata. Quatro policiais, protegidos por coletes a prova de balas, armados com cassetetes, revólveres e espingardas de balas de borracha. O que era para ser uma situação de fácil resolução, tamanha a desproporção entre os envolvidos, transformou-se em polêmica no Rio Grande do Sul.

Os policias envolvidos na abordagem são do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Porto Alegre. Ao UOL, o comandante do batalhão defende a força usada na ocorrência, que foi flagrada por uma motorista da capital gaúcha.

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Em vídeo gravado de dentro de um carro, é possível ver os quatro policiais abordando o sujeito, que tem 36 anos e é dependente químico, que, nu, atrapalhava (mas não impedia) o trânsito. Logo no início da gravação, feita na tarde do último sábado (3), o homem vai em direção a um dos policiais, dando socos no ar. Em resposta, é atingido por uma bala de borracha na perna.

Ainda que ferido, ele continua de pé, brigando contra rivais imaginários. Mesmo a pelo menos cinco metros de distância, o policial dá outro tiro em direção ao homem, que então para no meio da pista. Os demais três policiais se aproximam por trás e, ao invés de tentar imobilizá-lo, um deles tenta o acertar com um cassetete pelas costas.

Depois de mais de um minuto de conflito é que, enfim, um policial tenta uma rasteira, o homem cai, é dominado e preso. Uma cena que chocou a mulher que fazia a gravação de dentro de um carro e causou grande repercussão nas redes sociais.

Os policias envolvidos na polêmica abordagem são do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Porto Alegre. O comandante deles, o tentente-coronel Alexandre Brite, porém, não acredita que houve uso desproporcional de força. Em entrevista ao UOL, o oficial defende os comandados.

"Ele estava alterado, porque é consumidor de drogas. Estava em via pública, estava agressivo e foi em direção ao indivíduo que estava com a espingarda. Para evitar que o homem tirasse a arma desse, ele (o policial) fez o uso do armamento de bala de borracha", explicou Brite.

O tenente-coronel também justificou a demora dos policiais em tentar imobilizar o homem embriagado, optando por antes atirarem duas vezes contra ele e acertá-lo pelas costas. "O recomendável é buscar sempre dominar o indivíduo. Para isso, você pode imobilizar ou dar uma pancada para ele cair e imobilizar, que foi o que foi feito. Isso depende muito da situação", argumentou.

Apesar da defesa feita por Brite, a repercussão do vídeo fez com que a Polícia Militar do Rio Grande do Sul instaurasse um inquérito policial militar para avaliar a postura dos policiais. "Vamos ouvir as testemunhas e apurar os fatos", destacou Brite, que, "diante da repercussão", evitou responder à reportagem se considera que a ação como um todo foi correta. "Eles usaram os meios que consideraram adequados".

O homem foi levado à 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), atendido e medicado. Depois, assinou um termo circunstanciado e liberado. De acordo com as investigações preliminares, ele tem histórico com drogas.