Topo

"Não estávamos preparados", diz Pezão sobre falha no planejamento de segurança no Carnaval do Rio

Supermercado é saqueado no Leblon, na zona sul do Rio

UOL Notícias

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

14/02/2018 12h56Atualizada em 14/02/2018 15h37

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), admitiu nesta quarta-feira (14) que houve falha no planejamento de segurança do Estado durante o Carnaval. O feriado foi marcado por casos de violência; durante os quatro dias de festa, foram registrados assaltos, arrastões, espancamento e mortes.

“Não estávamos preparados. Houve uma falha nos dois primeiros dias e depois a gente reforçou aquele policiamento. Mas eu acho que houve um erro nosso. Não dimensionamos isso, mas eu acho que é sempre um aprimoramento, a gente tem sempre que aprimorar”, afirmou em entrevista ao "RJTV 1ª Edição", da Rede Globo.

De acordo com Pezão, uma equipe de segurança está reunida no início da tarde desta quarta para realizar um balanço sobre os episódios de violência nos últimos dias.

Arrastão Rio - Reprodução - Reprodução
Moradores flagram arrastão em bairro de Niterói (RJ)
Imagem: Reprodução
A Polícia Civil não informou o número de ocorrências registradas durante o Carnaval. No entanto, foram diversos os relatos de assaltos e situações de violência pelas ruas da capital fluminense. 

Questionada sobre a situação, a Secretaria de Estado de Segurança informou em nota que não divulga o balanço de ocorrências durante grandes eventos como o Carnaval e que as estatísticas serão publicadas daqui a um mês pelo Instituto de Segurança Pública.

Na madrugada de segunda-feira (12), foliões foram vítimas de três arrastões na avenida Vieira Souto, em Ipanema, um dos pontos mais nobres da zona sul do Rio e que concentra movimento de blocos. Nesta terça, cerca de 150 pessoas vestidas de bate-bolas, fantasia tradicional do subúrbio, foram detidas sob suspeita de praticar um arrastão na região central da cidade durante a madrugada. No sábado, um jovem morreu após ter sido espancado durante um assalto na Vila da Penha, na zona norte.

PM do RJ divulga imagem de patrulhamento na orla do Rio - Divulgação/PMERJ - Divulgação/PMERJ
PM do RJ divulga imagem de patrulhamento na orla do Rio
Imagem: Divulgação/PMERJ
Planejada pelo estado-maior da Polícia Militar, a Operação Carnaval 2018 mobilizou, de forma extraordinária, 17.110 policiais em todo o Estado para garantir a segurança durante o Carnaval.

No último dia de folia, e diante da onda de violência em áreas nobres da cidade, a Polícia Militar decidiu reformular o esquema de segurança. O policiamento mais ostensivo só ocorreu na terça (14), quando se pôde observar a presença mais ostensiva da polícia pelo menos na orla.

“O policiamento foi reformulado seguindo as demandas apresentadas em algumas regiões, como a orla da capital onde foram alocados mais policiais militares além do apoio do Grupamento Aeromóvel (GAM) no monitoramento aéreo”, disse a PM em nota.

Tanto Pezão como o prefeito Marcelo Crivella (PRB) deixaram a cidade durante o feriado -- Pezão passou o Carnaval na sua cidade natal, Piraí, no interior do Rio, e Crivella está na Europa. Antes de partir, o prefeito disse que o Carnaval estava sob controle.

Segundo a prefeitura, Crivella visita a Alemanha em uma missão oficial a fim de "conhecer novas tecnologias e ferramentas ligadas à área de segurança". 

Crise na segurança

O Rio vive uma escalada de violência. Em 2017, 134 policiais foram assassinados e outras 1.124 pessoas morreram em confrontos com a polícia -- o ano também teve o maior número de casos de letalidade violenta registrados desde 2009. Desde setembro, traficantes se enfrentam pelo controle da venda de drogas na região da Rocinha, zona sul da capital fluminense. 

Em agosto, o governo do Rio decidiu reduzir em 30% o efetivo das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) como forma de aumentar o número de policiais nas ruas, movimento que foi considerado um recuo no programa implantado em 2008 para tentar retomar áreas dominadas pelo tráfico de drogas.

Pesquisa Datafolha de outubro mostra que, se pudessem, 72% dos moradores dizem que iriam embora do Rio por causa da violência. (Colaborou Marcela Lemos)