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Entre otimismo e cautela, policiais do RJ pedem que intervenção federal tenha investimentos

18.jan.2018 - Militares das Forças Armadas em operação nas favelas do Jacaré, Mandela e Arará - WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
18.jan.2018 - Militares das Forças Armadas em operação nas favelas do Jacaré, Mandela e Arará Imagem: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

16/02/2018 17h38

O decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, assinado nesta sexta-feira (16) pelo presidente Michel Temer (MDB), despertou otimismo em policiais militares e civis do Estado ouvidos pelo UOL. Entretanto, os agentes, que preferiram não se identificar, veem com cautela a medida, que dura até o dia 31 de dezembro deste ano (fim dos governos Temer e Luiz Fernando Pezão).

Temer nomeou o general de Exército Walter Souza Braga Netto como interventor --ele vai comandar as polícias, bombeiros e administração penitenciária. Desde o decreto de GLO (Garantia de Lei e de Ordem), em julho passado, os militares das Forças Armadas atuavam como apoio à segurança estadual. Nesta nova etapa, porém, o comando das polícias será feito pelo general Braga Netto, que tem autonomia para nomear seus auxiliares.

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Setores das polícias defendem que a medida seja complementada com investimentos estruturais --pessoal e material.

“Toda e qualquer intervenção, se for para melhorar a infraestrutura, é vista com bons olhos. Se for só para gerenciar com os mesmos recursos não vai adiantar”, disse um oficial da PM ao UOL. “Segurança pública não tem receita de bolo, é tentativa e erro. Então pode ser sim que algo saia errado”, complementou.

“Se a medida não vier acompanhada de investimento maciço --material, pessoal, etc.-- nas atividades de polícia preventiva e judiciária, pode se mostrar inócua. Já investimos em ocupação de espaço territorial pura e simplesmente e isto não resolve, por si só. A segurança pública é realizada por homens e mulheres que devem estar motivados, acreditando no rumo que se pretende ir! Não é o que temos visto atualmente”, afirmou outro agente.

“Sofremos uma crise de legitimidade. Se o interventor não conseguir impulsionar o ânimo destes homens e mulheres, não vamos sair do lugar. Mas sou otimista por natureza. Espero que a medida extremista oferte resposta adequada aos problemas que estão ocorrendo na segurança pública”, prosseguiu.

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Com cautela, alguns policiais observam o ineditismo da resolução. "É preciso entender o que virá. É preciso esperar para ver o que vai ser definido, qual vai ser a orientação e os pontos de vista dos superiores. É preciso esperar para entender porque, sinceramente, é uma situação inédita”, disse um dos consultados.

Um delegado consultado pela reportagem classificou a medida como “excelente”. “Pode ser que, com essa medida, as coisas na cidade [Rio] e no Estado melhorem. O nome escolhido é muito bom, quem conhece o perfil do general sabe que ele é operacional e metódico. Se for feita de uma forma profunda, tem tudo para dar certo. Acho que traz força à policia do Rio”, opinou.

Outro chefe de segurança também vê a questão positivamente. “Qualquer ajuda que o governo possa dar ao Estado do Rio é bem-vinda. As polícias Militar e Civil já vinham realizando um bom trabalho, mas as demandas estão altas. Não que a polícia não estivesse trabalhando, está, e muito. Mas a situação de segurança é crucial nesse momento e qualquer ajuda é bem-vinda”, declarou.