Topo

Intervenção federal no Rio de Janeiro vira "Fla-Flu" nas redes sociais

Do UOL, em São Paulo

16/02/2018 14h06Atualizada em 16/02/2018 14h06

O Rio de Janeiro acordou nesta sexta-feira (16) com a notícia de que a segurança pública do Estado ficará sob responsabilidade do governo federal, e não mais do Executivo fluminense. O decreto foi assinado no início da tarde de hoje pelo presidente Michel Temer, confirmando a intervenção até o final de 2018.

Nas redes sociais, houve uma mobilização de internautas pró e contra o anúncio feito por Temer. No começo da tarde, dos dez assuntos mais comentados do Brasil no Twitter, quatro estavam relacionados ao decreto assinado pelo Planalto. Ao meio-dia, as palavras-chave “intervenção militar” figuravam entre os assuntos mais comentados do mundo nessa rede social.

Muitos usuários compartilharam a postagem feita por Elika Takimoto que disse ser “moradora do subúrbio carioca”. Na postagem ela afirma que a medida do governo federal aconteceu só depois que os “assaltos chegaram na zona sul”, lembrando os episódios de violência e arrastões que geraram pânico em moradores e turistas durante o Carnaval.

O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) chegou a reconhecer na quarta-feira (14) que o Estado não estava preparado e que houve falhas na segurança.

Ao comemorar a notícia, uma usuária disse que a “solução” não é a ideal, mas é a única que se tem. “O Rio está um caos. Eu quase fui sequestrada duas vezes esse ano por falta de segurança”, disse. Outro jovem disse que é “melhor andar na rua com um monte de militar vigiando tudo, do que andar na rua com medo de cada moto que se aproxima”.

Muitos usuários demonstravam receio de que a atuação das Forças Armadas aumente ainda mais o clima de insegurança e as mortes de inocentes. Para Caroline Barros, vai mudar “quem mata”, mas não que morre.

Gabi Oliveira disse acreditar que haverá um genocídio. Outra usuária lembrou da passagem das Forças Armadas pelo Complexo da Maré. “Eu vi o que aconteceu quando o Exército colou no Tabajaras”.

A intervenção federal na segurança pública do Rio fez muitos dos usuários da rede associarem a atuação das Forças Armadas no Estado, que já vinha acontecendo sistematicamente desde o agravamento da crise na segurança vivenciada pelo governo fluminense, com o regime militar no Brasil entre 1964 e 1985.

“Depois de usar o Exército para tomar [o Complexo] da Maré, era só uma questão de tempo. Aí a gente diz que para rolar golpe militar falta pouco e o pessoal acha exagero”, diz uma internauta, que acrescenta: “Gostaria sinceramente de acreditar que não, que as Forças Armadas não querem essa dor de cabeça. Mas né, [19]68 está aí para lembrar que nada é impossível”, concluiu.

Outro internauta disse que quem entrou no Twitter “apressado” na manhã de hoje poderia achar que “estamos em 1964”. Já outro disse acreditar que o Rio de Janeiro é “um tipo de laboratório para o restante do Brasil” e dando a entender que a resposta dada pelo Planalto pode ser simbólica.

Um usuário da rede disse que fazer tal associação é “mau-caratismo” e que intervenção federal não é a mesma coisa que militar.