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Com Rio sob intervenção, cadeias tornam-se alvo de varredura com apoio de militares

Presídio em Japeri, na Baixada Fluminense, foi o primeiro a ser vistoriado - Pablo Jacob/Agência O Globo
Presídio em Japeri, na Baixada Fluminense, foi o primeiro a ser vistoriado Imagem: Pablo Jacob/Agência O Globo

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/02/2018 04h00

A exemplo do ocorrido na Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, outros presídios do Rio de Janeiro também serão alvo de varredura com apoio das Forças Armadas, que, desde o dia 16, assumiu o comando das polícias, bombeiros e administração penitenciária do Estado.

De acordo com Sérgio Caldas, subsecretário de Administração Penitenciária do Rio, as novas incursões dependem de reformulações dos canais de inteligência da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária). Caldas adiantou que uma ação no Complexo de Gericinó, em Bangu, está na mira: "faremos em um futuro próximo".

"As ações serão pontuais e conforme a alimentação da nossa Sispen (Superintendência Geral de Inteligência do Sistema Penitenciário). O Exército nos apoiará sempre que possível", informou Caldas.

Localizado na zona oeste, o complexo de Bangu abriga cerca de 26 mil detentos distribuídos em 25 unidades prisionais.

Na ação na Baixada, foram apreendidos 48 celulares, 205 envelopes de pó branco com característica de cocaína, 151 envelopes com erva seca picada e três tabletes pequenos de erva seca. O resultado foi considerado abaixo do que era previsto pelas autoridades penitenciárias, que esperavam encontrar armas na unidade.

O presídio Milton Dias foi palco de uma rebelião no último domingo (18), dois dias após o governo federal decretar intervenção na área da segurança no Rio de Janeiro. Na ocasião, foram feitos 18 reféns --oito inspetores e dez detentos, que foram libertados após negociação.

Logo após a libertação dos reféns, foram apreendidos no presídio um revólver, duas pistolas, uma granada de efeito moral e uma lanterna. Segundo o ministro da Justiça, Torquato Jardim, o motim foi motivado por uma tentativa de fuga de dois detentos, que foram recapturados.

Desde que foi decretada a intervenção na segurança do Rio, as Forças Armadas realizaram três ações no âmbito das operações de GLO (Garantia de Lei e de Ordem) em vigor desde julho passado.

Além da varredura no presídio, os militares fizeram ações com as polícias em favelas da zona oeste (Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia) na sexta (23) e, no começo da semana, bloqueios em rodovias de acesso ao Rio nas divisas com São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, na periferia da capital e em acessos de favelas.

Nenhuma das operações integra o plano de intervenção, que deve ser apresentado na próxima semana pelo interventor, o general do Exército Braga Netto.