'Qualquer ser humano tem que ter segunda chance', diz Macarrão ao deixar presídio
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, 32, condenado pela morte da modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, foi solto pouco antes de 23h desta sexta-feira (2). Ele deixou a Penitenciária Pio Canedo, em Pará de Minas (MG), distante 83 quilômetros de Belo Horizonte, após conseguir na Justiça autorização para cumprir o restante da pena em regime domiciliar.
“Eu errei. Não sei se a palavra certa é merecer. Mas acho que qualquer ser humano tem que ter uma segunda chance”, afirmou Macarrão. “Realmente, eu não posso voltar atrás. Se pudesse, voltaria.”
Preso desde 2010, Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado em novembro de 2012 por sua participação no homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) da modelo. Ele cumpriu pouco mais de oito anos da pena entre regime fechado e semiaberto.
Macarrão teve 425 dias da pena perdoados após trabalhar 1.134 dias e concluir 570 horas de estudos. Ele casou-se durante o período em que esteve preso e tem três filhos.
Agora, Macarrão vai cumprir o restante da pena em casa no regime domiciliar pois em Pará de Minas não há albergue para que os sentenciados cumpram o regime aberto.
Ao deixar a penitenciária, Macarrão ainda afirmou que não se considera um criminoso, embora confesse sua participação no homicídio, mas uma pessoa que estava levando uma “vida errada”.
“Quero deixar bem claro: as pessoas que me conhecem hoje sabem que eu não sou um criminoso. Infelizmente, eu participei de um crime. Tive envolvimento nele”, disse.
“O que me trouxe nisso tudo foi a ganância. Tem uma coisa na vida que é pior do que o dinheiro. É o poder. Quando você acha que pode tudo, [mas] você não pode nada”, afirmou Macarrão.
“Nunca neguei meus delitos. O que eu cometi. Nunca fiquei dando uma de coitadinho, nem de santinho.”
Outro mandado de prisão atrasou soltura
Macarrão recebeu o alvará de soltura no início da noite de quinta-feira (1º), mas foi impedido de deixar a prisão devido a um mandado de prisão que estava em aberto contra ele na Justiça do Rio de Janeiro, pelo sequestro de Elisa.
Fato é que o referido mandado não foi excluído do sistema do Judiciário quando, após a constatação do homicídio da modelo, o processo foi transferido para Minas. Na noite desta sexta, porém, o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) esclareceu a questão e um novo alvará foi expedido.
Macarrão terá de permanecer em casa de 19h até 6h do dia seguinte, fins de semana, feriados e dias santos e comprovar em 30 dias que arrumou um emprego. Não poderá usar bebidas alcoólicas, portar armas e frequentar locais de “moral duvidosa”. Terá de apresentar-se também todo mês ao juiz da Vara de Execuções.
O caso
Ex-amante do ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza, também condenado pelo crime, Eliza Samudio, 25 desapareceu em 2010 no Rio de Janeiro e seu corpo jamais foi encontrado. Segundo a denúncia, Bruno planejou a morte de Eliza porque não queria pagar pensão alimentícia para o filho da modelo, cuja paternidade ele não reconhecia.
Para cumprir a tarefa, envolveu uma série de amigos, em especial Macarrão, seu braço direito. Após alguns episódios de ameaças e agressões contra Eliza --que incluem tentativas de fazer ela abortar o feto-- o jogador teria atraído a modelo com o argumento de que queria fazer um teste de DNA e assumir a criança.
Depois de ser agredida e sequestrada por Macarrão e Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro, no Rio de Janeiro, em 4 de junho de 2010, Eliza foi levada ao sítio do atleta em Esmeraldas (MG), no dia seguinte.
Além de Macarrão e Jorge, Fernanda Gomes de Castro, então amante do goleiro, acompanhou o grupo na viagem. Antes de chegarem ao sítio, eles pernoitaram em um motel em Contagem (MG).
Eliza ficou no cárcere, dentro do sítio, entre 6 e 10 de junho, até ser levada por Macarrão e Jorge ao encontro de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, contratado por Macarrão para matar a modelo. A modelo foi morta por asfixia e esganadura. Seu corpo foi esquartejado --partes foram jogadas a cães -- e até hoje não foi encontrado.
Depois da morte de Eliza, Bruninho Samudio foi levado para o sitio em Esmeraldas, já que Bola não quis matá-lo, segundo a Promotoria. Quando o caso veio à tona, a criança foi levada por Dayanne ao encontro de Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, que entregou o bebê para moradores do bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves. Lá, Bruninho passou de casa em casa até ser localizado pela polícia, em 26 de julho de 2010.
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