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Morte de vereadora é tentativa de "calar voz", diz Fux; faltam palavras, diz Barroso

Luciana Amaral e Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

15/03/2018 11h29Atualizada em 15/03/2018 15h51

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) lamentaram nesta quinta-feir (15) o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), 38. Para o ministro Luiz Fux, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foi uma tentativa de “calar a voz política”.

Marielle foi assassinada nesta quarta-feira (14) à noite a tiros dentro do carro onde estava. A principal linha de investigação da polícia aponta para um homicídio doloso (quando há intenção de matar). A possibilidade de que o crime tenha sido uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) é considerada remota.

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O motorista Anderson Pedro Gomes, 39, também foi atingido pelos disparos e morreu no local.

“Nós ficamos também de certa forma chocados com essa notícia que, no mundo de hoje, se tente calar a voz política através de uma atitude que demonstra um baixíssimo deficit civilizatório nesse campo e, ao mesmo tempo, consignar em ata nossa solidariedade aos familiares, aos amigos da vereadora Marielle Franco, que nesse momento passam essa intensa dor de uma perda por motivos que se anulam pela bastardia da própria origem”, declarou Fux.

No período da tarde, ministros do STF usaram a sessão desta quinta-feira para prestar homenagem à vereadora.

O ministro Alexandre de Moraes afirmou que ela foi vítima da “mais cruel e covarde forma de discriminação” e prestou solidariedade à família da vereadora e à do motorista Anderson Gomes.

“A vereadora foi vítima da mais cruel e covarde forma de discriminação, que é a eliminação física. Não bastasse toda uma série de discriminações, o ápice da violência com a eliminação física”, disse Moraes.

O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que a melhor homenagem à vereadora seria prosseguir na luta por igualdade e justiça.

“Não há palavras para reagir a altura do assassinato da vereadora Marielle Franco. Aliás, tem faltado palavras para descrever o que está acontecendo no Rio de Janeiro neste exato momento, uma combinação medonha de desigualdade, corrupção e mediocridade. Um círculo vicioso difícil de se romper e que tem conduzido à extrema violência que nós estamos enfrentando”, disse Barroso.

“A única homenagem que a gente pode prestar a quem luta por justiça e por igualdade é continuar a luta por justiça e por igualdade”, afirmou o ministro

Fux falou que os ministros sempre vão ao tribunal, “que vela pela higidez do processo democrático”, com muita satisfação, mas hoje estão “extremamente consternados” pelo assassinato da vereadora.

Em nome do TSE, prestou solidariedade aos familiares e amigos de Marielle e ressaltou que, apesar do sofrimento, a sociedade não pode se calar.

“Há uma assertiva que é a que permeia toda a nossa composição do tribunal de ontem, de hoje e de sempre, que nesses momentos a sociedade sofre muito, mas a sociedade não se cala nem há de se calar”, disse.