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Procuradoria estuda pedir que Polícia Federal investigue morte de vereadora

Felipe Amorim e Marina Motomura

Do UOL, em Brasília

15/03/2018 14h14Atualizada em 15/03/2018 18h23

A PGR (Procuradoria-Geral da República) abriu um procedimento interno para avaliar se vai pedir judicialmente que as investigações sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) sejam assumidas pela Polícia Federal.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também determinou que representantes da PGR e do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) acompanhem as investigações junto ao MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro).

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Em nota divulgada nesta quinta-feira (15), Dodge informou que expressa seu “total apoio” ao trabalho do MP-RJ.

Em entrevista no final da tarde, já no Rio de Janeiro, a procuradora-geral da República disse que o crime requer ajuda de todas as forças policiais.

"Esse é um caso que precisa de apoio de todas as forças investigatórias. Certamente, a participação da Polícia Federal é importante nesse episódio, porque o crime no Rio é relativo a todas as áreas. É necessária a troca de informações para que tudo que esteja por trás desse assassinato seja desvendado", disse Dodge.

A federalização da investigação precisa ser solicitada pela PGR ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), que pode autorizar ou não o pedido.

A procuradora não participou da sessão plenária do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta. Em seu lugar, o vice-procurador geral Luciano Mariz Maia, disse que o crime atinge a democracia. "Hoje, uma semana após a comemoração do Dia Internacional da Mulher, acordamos atingidos pelas balas que mataram a vereadora Marielle Franco, e atingem em cheio a democracia. Se a ela tentaram calar e derrubar, devem saber que não se pode deter o fogo da história e a história significa a força da mulher para ter o reconhecimento da sua igualdade",declarou o procurador.

A iniciativa de Dodge, no entanto, não encontra ressonância na Polícia do Rio. Nesta quinta-feira, o chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, afirmou  que as investigações sobre o assassinato da vereadora estão sob sigilo e que a PF não está no caso.

"Temos nossos protocolos estabelecidos. Quem quiser nos ajudar, recebermos ajuda de qualquer instituição, mas a Polícia Civil do Rio tem capacidade para resolver esse caso", disse Barbosa após reunião com o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

Após a morte da vereadora, o governo federal já havia dito, em nota na noite de ontem, que colocou a Polícia Federal à disposição para investigar o crime.

"O governo federal acompanhará toda a apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista que a acompanhava na noite desta quarta-feira, no Rio de Janeiro. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, falou com o interventor federal no estado, general Walter Braga Netto, e colocou a Polícia Federal à disposição para auxiliar em toda investigação", diz a nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

Também nesta quinta, três deputados federais do PT apresentaram um pedido à procuradora-geral para que as investigações dos assassinatos fiquem a cargo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.

Ao pedir a federalização da apuração, Wadih Damous (RJ), Erika Kokay (DF) e Paulão (AL) apontaram o possível envolvimento de policiais no crime que, aliado ao fato de o sistema de segurança no Rio estar sob intervenção federal, “podem ensejar grandes dificuldades ao trabalho de investigação”.

Marielle foi assassinada nesta quarta (14) à noite a tiros dentro do carro onde estava. A vereadora voltava de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Lapa, também na região central, quando um carro emparelhou com o veículo em que ela estava e efetuou disparos.

A perícia da Polícia Civil identificou ao menos nove disparos contra o veículo, todos na direção da vereadora, que estava no banco de trás. Marielle foi atingida por ao menos quatro tiros e morreu na hora. O motorista Anderson Pedro M. Gomes, 39, também foi atingido pelos disparos e morreu no local. A principal linha de investigação da polícia é de execução. (*Colaborou Gustavo Maia, de Brasília)

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