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Jungmann: PF tem mais de 50 inquéritos sobre lote desviado de balas que teriam matado Marielle

14.mar.2018 - Perito apreende itens ao lado de carro onde vereadora foi assassinada - Leo Correa/AP Photo
14.mar.2018 - Perito apreende itens ao lado de carro onde vereadora foi assassinada Imagem: Leo Correa/AP Photo

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

16/03/2018 20h11

O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta sexta-feira (16) que o lote UZZ-18 --cujas munições teriam sido utilizadas no assassinato de Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, na última quarta-feira (14) no Rio de Janeiro-- foi desviado “anos atrás”. Um dos desvios teria ocorrido na sede dos Correios na Paraíba.

Foram encontradas ao lado dos corpos na região central do Rio balas de calibre 9 mm do lote UZZ-18, o mesmo das munições utilizadas no caso conhecido como a maior chacina de São Paulo –quando 23 pessoas foram mortas nos dias 8 e 13 de agosto de 2015 nas cidades de Osasco, Barueri, Itapevi e Carapicuíba, na Grande São Paulo.

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“A Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada. Então, eu acredito que essas cápsulas que foram encontradas lá na cena do crime, desse bárbaro crime, foram efetivamente roubadas”, disse Jugnmann. 

"Essa munição foi roubada na sede dos Correios, pela informação que eu tenho, anos atrás, na Paraíba", afirmou o ministro, que não soube explicar como o lote, comprado pela Polícia Federal de Brasília, passou por desvios no estado nordestino.

"Na Paraíba, veja bem... uma parte veio para cá [Brasília]. E ela foi desviada nos Correios. E uma outra parte foi identificada como tendo sido desviada, se eu não me engano, é bom corrigir, na Superintendência... um escrivão, tá certo, na Superintendência do Rio de Janeiro, que também foi objeto de um inquérito. Então você tem a referência daqui [de Brasília], da Paraíba e do próprio Rio de Janeiro".

A PF informou nesta sexta que investiga se as munições desse lote foram usadas de fato para matar Marielle e Anderson. Jungmann afirmou que a PF "disponibilizou o seu melhor especialista em impressões digitais e DNA" para colher material dessas cápsulas, que seria então cruzado com um banco de dados da própria corporação para identificar um possível suspeito de ser autor do crime.

A munição calibre 9 mm não pode ser vendida à população em geral. Balas desse calibre só podem ser adquiridas legalmente por colecionadores, atiradores esportivos e forças de segurança. No entanto, elas são vendidas com poucas restrições no Paraguai e entram no Brasil ilegalmente.