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Exército prepara tanques com metralhadora e torre blindada para entregar ao Bope

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

21/03/2018 14h44

O Exército está preparando ao menos três blindados de transporte de tropas Urutu para entregar ao Bope (Batalhão de Operações Especiais), a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Os tanques haviam recebido uma torre de metralhadora e uma cabine blindada desenvolvidas especialmente para ações em favelas do Haiti.

O GIF (Gabinete de Intervenção Federal) informou que os blindados serão entregues em breve, mas não definiu data. Os veículos, que eram camuflados, foram pintados de preto e receberam o nome do Bope (foto).

Os Urutu são blindados produzidos entre os anos 1970 e 1980 pela indústria de armamentos Engesa, que não opera mais. Eles receberam diversas modernizações ao longo dos anos, mas estão sendo substituídos pelo Exército por uma versão mais moderna: o Guarani, produzido pela Iveco no Brasil.

Apesar de antigos, os Urutu resistem bem aos armamentos usados por criminoso em favelas cariocas e têm uma vantagem: são um pouco menores que os blindados mais modernos e, por isso, têm facilidade para fazer curvas em ruas mais estreitas de favelas. No futuro, mais três unidades podem ser doadas à Polícia Militar.

Blindados maiores levam mais tempo para manobrar, deixando os militares mais expostos, e podem danificar asfalto e construções se forem usados em favelas.

Esse tipo de veículo é usado para levar tropas ou policiais em segurança para áreas perigosas, onde tropas a pé ou em veículos não blindados ficariam muito expostas a disparos.

O Urutu esteve em ações de combate entre os anos de 2004 e 2007 na Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti). No início da missão, o tanque não possuía a atual torre blindada de metralhadora nem a cabine à prova de balas para o motorista.

Os militares que viajavam na parte superior do blindado usavam sacos de areia amarrados próximos às escotilhas para se proteger de estilhaços de projéteis de fuzil que ricocheteavam quando o veículo era atingido por tiros. Mas eles ficavam vulneráveis a atiradores das forças rebeldes chimères que disparavam do alto das lajes de sobrados das favelas haitianas.

O problema foi identificado ao longo da missão e o Urutu recebeu modificações feitas pelo Arsenal de Guerra de São Paulo. Os sacos de areia que protegiam as escotilhas foram substituídos por proteção blindada. Além disso, foi construída uma estrutura blindada envolvendo a torre de metralhadora para proteger o atirador e uma cabine de vidro blindado para o motorista.

A torre permite a instalação de uma metralhadora pesada calibre 50, mas esse armamento causaria muitas baixas em ambientes urbanos. No Haiti, os militares disparavam dos blindados com uma metralhadora Mag 7,62, uma arma pesada, mas menos letal. Não está claro se o Bope usará ou não metralhadora acoplada à torre.

Foi acrescentada ainda uma lâmina frontal usada para a derrubada de barricadas sem que o auxílio de maquinário pesado de engenharia. Os pneus militares padrão foram substituídos por pneus comerciais adaptados para reduzir o custo de manutenção, segundo o Exército.

O blindado mais moderno em operação durante a intervenção é atualmente o Guarani. Ele é um pouco maior que o Urutu e possui mais blindagem e sistemas de armas mais precisos --além de ar-condicionado.

Outra diferença é que possui menos escotilhas que o Urutu. O Guarani tem duas e o Urutu quatro. As escotilhas são usadas para que militares fiquem com parte do tronco e com a cabeça do lado de fora do blindado para que possam atirar com fuzis ou lançadores de foguetes, em movimento.

O conceito atual de combate diz que um número maior de escotilhas tornaria o veículo mais vulnerável ao lançamento de granadas ou coquetéis Molotov dentro do veículo.

Blindados do Bope

Até agora, o Bope vinha operando com blindados adaptados a partir de carros-forte de transporte de valores --que são considerados obsoletos, segundo artigo publicado no site do Exército.

A unidade também usa blindados Paramount Maverick, fabricados na África do Sul. Porém, alguns deles estariam indisponíveis por falta de contrato de manutenção após a expiração da garantia ou por terem sido danificados em ação, segundo o artigo.

Intervenção

Nesta quarta-feira (21), o general Mauro Sinott, chefe do Gabinete de Intervenção Federal, visitou o batalhão do Bope em Laranjeiras, no Rio. O objetivo era fazer uma inspeção para identificar problemas e necessidades a fim de melhorar o desempenho da unidade de elite da polícia.

A inspeção se insere na estratégia dos interventores de melhorar a gestão, os equipamentos e as capacidades das polícias do Rio.