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Em rixa do PCC, ex-PMs aliados da facção são mortos em SP, aponta investigação

O ex-PM Eudes Aparecido Meneses foi assassinado na quarta-feira (4) - Divulgação
O ex-PM Eudes Aparecido Meneses foi assassinado na quarta-feira (4) Imagem: Divulgação

Luís Adorno e Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

05/04/2018 16h43

Dois ex-policiais militares foram assassinados em ações atribuídas a membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo afirmaram ao UOL uma juíza, membros do Ministério Público de São Paulo e fontes policiais ligadas à investigação dos casos.

Ainda de acordo com a investigação, os dois ex-PMs estavam envolvidos nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o "Gegê do Mangue", que era o nº 1 da facção fora do sistema penitenciário, e de seu comparsa, Fabiano Alves de Souza, o "Paca", no dia 15 de fevereiro.

Supostos donos de uma empresa de segurança de fachada, os dois ex-PMs eram ligados a Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como “Fuminho” e apontado como o mandante da morte de Gegê.

O assassinato dos ex-PMs teria sido ordenado por membros da cúpula do PCC, que se opuseram ao assassinato de Gegê e procuram isolar Fuminho, supostamente escondido na Bolívia. Há um mandado de prisão contra Fuminho expedido pela Justiça do Ceará.

gegê do mangue - Divulgação/SAP - Divulgação/SAP
Gegê do Mangue foi assassinado no Ceará, em 15 de fevereiro
Imagem: Divulgação/SAP

Um membro do MP e investigadores ouvidos pela reportagem afirmam que pontos de vendas de drogas que pertenciam a Fuminho foram tomados por ordem de membros do PCC.

Homicídio em Santana

Por volta das 19h, o ex-PM Eudes Aparecido Meneses foi baleado na rua Benta Pereira, no bairro de Santana, zona norte de São Paulo.

A mulher da vítima informou para a Polícia Militar que Eudes recebeu uma ligação no começo da noite de quarta-feira (4). Ele atendeu e saiu do apartamento. Ele recebeu quatro tiros na esquina da rua. Levado a um hospital da região, Eudes não resistiu aos ferimentos.

Já Radamés Silva Donetti teria sido assassinado após um sequestro realizado em Santo André, apontam fontes policiais (leia mais abaixo). Ainda não há confirmação oficial sobre a morte.

A investigação aponta que uma testemunha chegou a ver um suspeito correndo em direção a um carro de luxo. O criminoso entrou pelo lado do motorista e fugiu do local.

As cápsulas encontradas no local foram recolhidas pela perícia e são de calibre .40 (de uso exclusivo das forças de segurança), a mesma usada por policiais militares. Imagens de câmeras de um prédio que fica em frente ao local onde o ex-PM foi baleado foram solicitadas pelos investigadores.

Eudes era lotado na Rota (Ronda Ostensivas Tobias Aguiar) e foi expulso da corporação nos anos 1990.

Após passar dez anos sendo procurado pela Justiça, ele foi preso no ano de 2010. A Polícia Civil paulista e o MP acusam o ex-policial por sete assassinatos, entre os anos de 1993 e 2000.  A suspeita era que ele participava de um grupo de extermínio.

Ex-PM desapareceu

Na terça-feira (3), três pessoas pessoas foram detidas sob a acusação de participarem do sequestro de três homens, entre eles o ex-policial militar Radamés Silva Donetti, 36. O crime aconteceu em Santo André, na região do ABC (Grande São Paulo).

De acordo com uma denúncia recebida pela Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) de Santo André, o ex-PM e outros dois homens, foram levados para a comunidade Jardim Cristiane, onde os três teriam sido mortos. Um deles chegou ser levado para a Santa Casa da cidade, onde morreu. Investigadores buscam localizar os corpos de Radamés e do outro homem nos bairros de Vila Cruzeiro e Jardim Santa Cristina.

Em um Ford Fusion apreendido durante a investigação, foram encontradas as carteiras de Radamés e de outro dos envolvidos.