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"Musa do Crime" é presa acusada de filmar execução de jovem de facção rival em RR

Ana Caroline Gomes Pereira é acusada de executar jovens a mando de presidiários - Divulgação/Polícia Civil
Ana Caroline Gomes Pereira é acusada de executar jovens a mando de presidiários Imagem: Divulgação/Polícia Civil

Rafael Pezzo

Colaboração para o UOL

12/04/2018 14h58

Ana Caroline Gomes Pereira, 23, chamada de “Musa do Crime” por membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foi presa nesta quarta-feira (11) pela Polícia Militar no Bonfim, cidade do norte de Roraima. A jovem é acusada de participar de um duplo homicídio, em dezembro de 2017, em Boa Vista, capital do estado. A suspeita estava foragida desde então e havia fugido para a Guiana, onde foi detida durante roubo a uma joalheria.

Ao UOL, Roney Cruz, chefe da Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) de Roraima, afirmou que Ana Caroline é membro do PCC, facção criminosa baseada em São Paulo. Além dela, outras cinco mulheres e uma adolescente são acusadas de participar da dupla execução, todas já capturadas anteriormente.

“Após o mandado de prisão pelo assassinato, a 'Musa do Crime' fugiu para Lethem, cidade vizinha a Bonfim, mas do outro lado da fronteira com a Guiana. Lá, ela e outros cúmplices praticaram um roubo em uma joalheira e foram presos pela polícia local”, disse Cruz. “Ela ficou detida por uns meses, aguardando julgamento. No processo, um homem assumiu a autoria dos roubos e ela foi liberada.”

Antes do julgamento, as autoridades guianesas avisaram à Polícia Militar de Roraima sobre a captura de Ana Caroline, que pediu a entrega dela. Com isso, ao final do júri, que ocorreu nesta quarta, ela foi encaminhada aos brasileiros na fronteira. Atualmente, a jovem está detida na Cadeia Pública Feminina de Boa Vista.

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O codinome “Musa do Tráfico” foi usado no mandado de prisão, mas Ana Caroline também é conhecida como “Musa do Crime”. Segundo o chefe do Dicap, o apelido “foi dado assim que ela entrou para a organização criminosa, quando ainda era jovem, mesmo que ela não tenha participação no tráfico”, destacou Roney Cruz.

Duplo homicídio

Em dezembro de 2017, Ana Caroline e outras cinco mulheres foram acusadas de assassinar Áreli  Dayane Cardoso de Oliveira, 19, e Rayane Silva Pereira, 25. Segundo as investigações da Polícia Civil de Roraima, as duas vítimas eram do Comando Vermelho (CV), facção rival do PCC. As execuções foram ordenadas por quatro homens, identificados como chefes da organização no Estado e detentos de uma penitenciária local.

“As vítimas foram sequestradas e mantidas em cativeiro. Na noite das execuções, as suspeitas se dividiram em dois grupos e praticaram os homicídios em locais diferentes”, informou ao UOL Miriam Di Manso, chefe do Núcleo de Investigação de Pessoas Desparecidas e quem comandou a investigação da Delegacia Geral de Homicídios (DGH) de Roraima.

Áreli Dayane foi morta a tiros e seu corpo foi encontrado no dia 12 de dezembro. Já Rayane morreu por facadas. Esta última execução foi gravada pelas autoras e o vídeo foi recolhido pela polícia local.

“Ainda que o grupo tenha se dividido para as execuções, os 11 acusados foram indiciados por homicídio qualificado e integração em organização criminosa”, disse Miriam. “Há também o agravante pela participação de uma menor na facção.”

Ana Caroline foi a última das cinco envolvidas a ser capturada, incluindo a adolescente de 16 anos, identificada como E.D.D. Além da “Musa do Crime”, também estão presas Jessica Pereira de Lima, 23; Kathely Mariane da Silva Rabelo, 18; Wilciana Souza Menezes, 34; e Nelciane Pereira de Andrade, 23. Esta última havia fugido da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, em 31 de janeiro, mas foi recapturada pela Polícia Militar em março.

Também foram indiciados quatro homens, apontados como líderes do PCC em Roraima e mandantes das execuções: Erisvaldo Ribeiro Pinto, Osvaldo Nogueira Filho, Ivanildo Ferreira Carvalho e Evaldo Lira Almeida. Todos eles estão presos na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, de Boa Vista.