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Sinto orgulho por ele ter sido policial, diz pai de PM morto em assalto

Elton foi enterrado no Cemitério Municipal de Pirassununga, sua cidade natal - Mirthyani Bezerra/UOL
Elton foi enterrado no Cemitério Municipal de Pirassununga, sua cidade natal Imagem: Mirthyani Bezerra/UOL

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em Pirassununga (SP)

21/04/2018 11h37

O corpo do cabo da Polícia Militar Elton Ricardo Cunha, 38, morto durante um assalto dentro de um ônibus em São Paulo, foi enterrado na manhã deste sábado (21), no Cemitério Municipal de Pirassununga (216 km da capital paulista).

Cerca de 200 pessoas, entre parentes, amigos e colegas de farda foram à cidade natal de Elton para se despedir dele. Dois ônibus com colegas do 1ª Cia do 7º BPM saíram de São Paulo com destino ao enterro.

A família estava bastante abalada com a tragédia. A irmã mais velha dele, que se identificou como Elen à reportagem, disse que o irmão era uma pessoa muito querida e sonhadora.

“A gente sabe que vai acontecer, mas nunca espera que seja da forma que foi”, disse emocionada abraçada a uma amiga da família.

O corpo do cabo da Polícia Militar Elton Ricardo Cunha, 38, morto durante um assalto dentro de um ônibus em São Paulo - Reprodução - Reprodução
À paisana, Elton reagiu ao assalto e foi atingido por cinco tiros dentro do ônibus
Imagem: Reprodução

À paisana, Elton reagiu ao assalto e foi atingido por cinco tiros dentro do ônibus, que fazia a linha que ele pegava todos os dias para ir ao trabalho.

Outras duas pessoas morreram na ação, incluindo um dos dois assaltantes. Um suspeito foi preso no dia seguinte.

“Sinto orgulho por ele ter sido um policial militar”, disse o pai de Elton, o agricultor Benedito Cunha, 64, bastante emocionado.

Segundo ele, Elton não costumava ir com frequência a Pirassununga por causa da profissão.

Elton era formado em Direito e foi morar em São Paulo quando passou no concurso da PM, há 14 anos.

No mesmo ano conheceu a mulher, Cristina, em São Paulo, quando começara a namorar. Há três anos, os dois se casaram e não tinham filhos. O casal vivia em um apartamento em Diadema.

O primo Valdenir Aparecido Ferreira, 56, contou sobre uma ceia de Natal há dois anos, quando o Elton disse que estava planejando prestar concurso para a Polícia Civil.

“Ele era um sonhador. Desde que se formou em direito, dizia que queria ser delegado. Ele entrou na PM, queria conquistar o espaço dele. Temos certeza que ele fez o que gostava de fazer e foi mais um guerreiro morrendo por cumprir a sua missão, que era proteger as pessoas”, disse.

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UOL Notícias

PM se sente na obrigação de agir, diz comandante

O comandante do Policiamento da Área Metropolitana da PM de São Paulo, coronel Temístocles Telmo, disse que, como policial militar, Elton foi formado para defender a sociedade e reagiu ao assalto por causa dessa missão.

“Mesmo estando de folga, o PM se sente na obrigação de agir. E não foi diferente com ele. Ele era um bom policial, dedicado, conceituado”, disse.

O coronel afirmou que o sentimento da corporação é de dor. “Nenhum comandante deseja passar por um momento desses. Elton era como um filho”, disse.

O PM atuava na região central da capital paulista e atualmente trabalhava na praça Roosevelt, na Consolação.

Investigações

Um laudo da PM apresentado à Polícia Civil no início da noite desta sexta-feira (20) apontava sete elementos probatórios entre as imagens captadas do assalto que terminou com três mortos do ônibus em que o cabo Cunha foi morto e o suspeito preso, Raphael Teleforo Barbosa, 24.

O laudo foi enviado para a Justiça, que, em audiência de custódia realizada neste sábado (21), converteu o flagrante em prisão preventiva. Ele deve ficar em um CDP (Centro de Detenção Provisória) até ser julgado pelo caso.