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Grupo de moradores recusa proposta da Prefeitura e fica em praça próxima a local de incêndio

Fernando Cymbaluk

Do UOL, em São Paulo

01/05/2018 18h43Atualizada em 02/05/2018 11h02

Um grupo de pessoas que morava no edifício que desabou na madrugada desta terça-feira (1º) no centro de São Paulo recusou alternativas de abrigo oferecidas pela Prefeitura e ocupa desde esta tarde uma praça no Largo do Paissandu, próxima ao local da tragédia. Segundo o Corpo de Bombeiros, há ao menos uma vítima sob os escombros.

Enquanto tentava organizar uma grande quantidade de doações trazidas por pessoas solidárias ao drama das famílias, o grupo discutia se ficaria no local, se iria para outra ocupação de um movimento de moradia ou se tentaria vagas em albergues no centro.

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Pilhas de roupas e mantimentos foram feitas em frente à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Integrantes de movimentos de moradia e um grupo de punks que realizava uma manifestação de 1º de Maio no centro ajudam a organizar a doação de mantimentos. “Eles estão se organizando aos poucos aqui e tornando a praça um local de referência”, disse ao UOL uma integrante de um dos movimentos que não quis se identificar.

Por volta das 17h, à igreja abriu as portas, e as doações começaram a ser levadas para seu interior.

De acordo com o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua e que participou de reunião entre moradores e representantes da prefeitura, foram oferecidas três alternativas para os moradores saírem da praça: um albergue da prefeitura no Canindé, na zona Norte, uma estrutura que fica no viaduto Pedroso, na Bela Vista, e a quadra do colégio do Mosteiro São Bento.

Ele informou, porém, que os moradores recusaram as propostas por enquanto. “Os moradores querem ficar na praça como ato de resistência”, afirmou Lancelotti.

O grupo pede para as pessoas que chegam com doações entregarem diretamente no local onde é formada a pilha. Quem recebe os sacos com comida e garrafas de água pede para que as pessoas não tirem foto. Cinegrafistas que faziam imagens foram hostilizados.

Ao lado da igreja, também no Largo do Paissandu, assistentes sociais cadastram famílias para encaminhar para albergues. Agentes disseram para a reportagem do UOL que famílias já foram encaminhadas para centros de acolhida, mas não disseram onde.

A Prefeitura ainda pretende levar os moradores para um dos locais sugeridos. Foram cadastradas 118 famílias hoje. Seus dados serão encaminhados ao governo do estado para que o auxílio-moradia possa ser liberado em 48 horas. O benefício será de R$ 1.200 no primeiro mês e de R$ 400 a partir do segundo, pago por um período de 12 meses.

Voluntários distribuem kits a moradores de prédio que desabou em SP

UOL Notícias

Igreja distribui lanches e kits de higiene

Voluntários e integrantes de ONGs e de grupos de solidariedade ligados a entidades religiosas ajudavam a organizar os mantimentos dentro da igreja e a cadastrar quem morava no prédio. Um lanche e um kit de higiene são distribuídos para pessoas desabrigadas. 

“As portas da igreja foram abertas para depósito de mantimentos que serão distribuídos para os moradores do prédio que desabou”, disse o bispo Dom Eduardo, responsável pela Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

Em meio à confusão do lado de fora, moradores que estavam no prédio que desabou não sabem onde vão passar a noite. “Ninguém sabe o que fazer com as famílias que estão aqui, se terá local para pernoite”, disse Alessandro Alves, que morava no prédio que desabou.