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Bebê de 6 meses tem projétil inteiro retirado do ombro após cirurgia no Rio

Mãe do bebê baleado (à esq.) é amparada por familiares em hospital - Fabiano Rocha/Agência O Globo
Mãe do bebê baleado (à esq.) é amparada por familiares em hospital Imagem: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio*

15/05/2018 22h08Atualizada em 15/05/2018 22h08

O bebê de 6 meses baleado no colo da mãe dentro do colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho, no Rio, foi operado no fim da tarde desta terça-feira (15) e passa bem.

Segundo o Centro Pediátrico da Lagoa, um projétil inteiro foi retirado do ombro do menino durante a cirurgia, que durou duas horas. A criança ficará internada no CTI durante 48 horas para observação. De acordo com a diretora médica da unidade, Gina Sgorlon, a cirurgia não teve problemas.

“Ele precisou de exames para saber a exata localização da bala. Na última avaliação que fizemos, ele estava movimentando bem os braços. Se tudo correr bem, entre dois e três dias, ele recebe alta”, afirmou a médica.

A criança foi atingida por uma bala perdida na noite de segunda-feira (14) enquanto a mãe aguardava a saída de outro filho, de 6 anos, de uma atividade na quadra da escola.

Ao perceber o bebê ensanguentado, a mãe entrou em um táxi e buscou atendimento em um hospital em Botafogo, também na zona sul.

Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o bebê não teve o movimento do braço comprometido, o que sugere que não haverá sequelas. No entanto, ainda não é possível fazer uma avaliação mais precisa.

Procurada, a Polícia Civil disse que o caso é investigado pela 9ª Delegacia de Polícia (Catete). "A mãe da criança já foi ouvida e uma equipe está no colégio em diligências", informou, por meio de nota. 

Já a PM afirmou que não ocorreram operações na região. Uma equipe foi acionada para auxiliar no socorro ao bebê.

Na manhã desta terça, o Colégio São Vicente de Paulo, informou que não houve registro de confronto no entorno da escola. De acordo com o comunicado publicado no site da instituição, o bebê foi vítima de bala perdida.

“As observações preliminares feitas pelos agentes policiais que aqui estiveram apontam para uma situação, infelizmente, comum em nossa cidade, de bala perdida, oriunda não se sabe de onde, na medida em que não há registro de qualquer ação envolvendo troca de tiros no entorno do Colégio”, afirmou a escola, que é particular.

Ainda no comunicado, o colégio destacou a atual situação da segurança no estado. “Estamos imersos numa sociedade que tem vivido em meio a polarizações e à violência generalizada, com tiroteios espalhados por diversos locais, roubos e furtos em proporção imensurável, o que nos leva a evocar as palavras de São Vicente de Paulo, Patrono dessa Casa: É preciso passar do amor afetivo ao amor efetivo”, diz outro trecho na nota.

Rio tem 15 crianças vítimas de bala perdida no ano

Ao menos 15 crianças de até 11 anos foram atingidas por balas perdidas no estado do Rio de Janeiro somente neste ano. O dado é do Fogo Cruzado, laboratório de dados que mapeia por meio de aplicativo os registros de violência. Foram seis casos no mês de fevereiro, quatro em março, outros quatro em abril, e um em maio. Das 15 vítimas, quatro morreram.

Além do bebê Caique, Maria Gabriela, de 11 anos, foi ferida dentro de uma unidade escola no bairro de Cavalcanti, na zona norte da cidade.

De acordo com parentes da menina, aluna do 6º ano da Escola Municipal Espírito Santo, ela estava no pátio da escola se preparando para a aula de Educação Física quando foi atingida por uma bala perdida no braço direito. A criança foi operada no hospital Salgado Filho, no Méier. Ela já recebeu alta da unidade.

A menina Brenda Valentim Alves de Oliveira, de 2 anos e meio, baleada em 31 de março, estava sentada no banco traseiro do carro da família quando foi atingida. O crime ocorreu em Conceição de Jacareí, em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense. A criança chegou a ser levada para o hospital, mas morreu.

Quinze dias antes foi morto, o menino Benjamin, de 1 ano. Ele foi ferido durante confronto entre PMs e traficantes no Complexo do Alemão, na zona norte. Ele estava com a mãe, em um carrinho de bebê, quando foi atingido na cabeça.

Em 24 de fevereiro, foi baleado e morto o menino Marlon, de 10 anos, no Pavão Pavãozinho, favela da zona sul carioca. Ele foi atingido quando brincava na laje de casa e chegou a receber atendimento médico. Um adolescente de 17 anos foi apreendido. Em depoimento, ele alegou que o disparo ocorreu de forma acidental.

Antes dele, Emilly Sofia Neves, de 3 anos, morreu após ser baleada durante tentativa de assalto em Anchieta, zona norte. A criança foi atingida quando criminosos tentaram roubar o carro em que os pais dela estavam. O casal também ficou ferido. A criança chegou a ser levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu.

*Com informações do Estadão Conteúdo