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Mortes violentas e roubos de rua se mantêm elevados mesmo com intervenção no Rio

23.fev.2018 - Mulher e criança passam ao lado de militares em patrulha na Vila Kennedy - Carl de Souza/AFP Photo
23.fev.2018 - Mulher e criança passam ao lado de militares em patrulha na Vila Kennedy Imagem: Carl de Souza/AFP Photo

Hanrrikson de Andrade e Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

17/05/2018 13h53

Os indicadores estratégicos da Secretaria de de Segurança Pública do Rio de Janeiro em relação a mortes violentas e roubos de rua se mantiveram elevados nos meses de março e abril deste ano, período em que a intervenção federal no Estado completou dois meses.

Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (17) pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), em comparação com o mesmo bimestre do ano passado, o estado registrou 34 mortes violentas a mais em 2018 --1.228, no total, com aumento de 3%.

Já em relação aos roubos de rua, em março e abril deste ano, foram 283 ocorrências a mais (22.289, com variação de 1%). As estatísticas de 2017 podem estar abaixo dos índices reais, pois a Polícia Civil fluminense realizou uma greve de janeiro e março de 2017. Nesse período, apenas as ocorrências consideradas mais graves foram registradas.

O indicador relativo à letalidade violenta abrange quatro crimes: homicídio doloso, homicídio decorrente de intervenção policial (mortos pela polícia), latrocínio (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte. Os roubos de rua representam o somatório de roubo a transeunte, roubo de celular e roubo em ônibus. Ambos os indicadores contribuem para mensurar a sensação de segurança da população.

Março e abril deste ano são os primeiros meses completos da intervenção federal no RJ no escopo estatístico do ISP. Ou seja, mesmo com a intervenção, é possível observar que os indicadores estratégicos pouco oscilaram.

O decreto que transferiu para a União a gestão da segurança pública fluminense foi publicado pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro. Desde então, o comando foi transferido para o GIF (Gabinete de Intervenção Federal) e para o CML (Comando Militar do Leste), que atuam em parceria com as polícias Civil, Militar e Federal, com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), com a Guarda Municipal e outros órgãos.

A partir da transferência de gestão, os militares passaram a coordenar e executar operações de combate à criminalidade, além de reforçar o patrulhamento nas ruas e realizar inspeções em batalhões e outras unidades das forças policiais do Estado.

Procurados, o GIF (Gabinete Federal de Intervenção) informou que está "empenhado em reduzir progressivamente os índices de criminalidade e fortalecer as instituições da área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro".

"Os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública comprovam que as medidas emergenciais e estruturantes que vêm sendo tomadas estão surtindo efeito."

"Índices que impactam diretamente na sensação de segurança da população --caso do roubo de veículo, roubo de carga e roubos de rua-- apresentam redução em abril deste ano em relação ao mesmo período de 2017. A morte de policiais civis e militares em serviço foi outro indicador que teve queda. O GIF acredita que a continuidade do trabalho iniciado há três meses irá reduzir outros indicadores."

Em abril, queda de roubos de carga e de veículos

A pesquisa também mostra que, pela primeira vez neste ano, houve uma redução do número de roubo de veículo no Estado. As delegacias registraram 4.647 casos em abril, o que representa queda de 4,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado --quando houve 4.891.

Em relação a março de 2018, a polícia observou redução de cerca de 13% no indicador de roubo de veículo. A área que integra as cidades de Nova Iguaçu, Mesquita, Nilópolis e Duque de Caxias, todas na Baixada Fluminense, foi a que teve a maior queda.

O estudo indica ainda que os roubos de carga caíram cerca de 13% na comparação entre abril de 2018 e abril de 2017. O combate a roubos de carga é um dos focos da equipe de intervenção.

Já o indicador de mortes pela polícia manteve tendência observada nos meses anteriores, crescendo 26% em abril em relação ao mesmo mês do ano passado.

Veja a seguir os indicadores de abril que tiveram alta ante o mesmo mês de 2017:

• Homicídio doloso – aumento de 8,9% (436 em abril de 2017 – 475 em abril de 2018)
• Letalidade violenta – aumento de 9,8% (539 em 2017 – 592 em 2018)
• Homicídio decorrente de oposição à intervenção policial – aumento de 26,3% (80 em 2017 – 101 em 2018)

Registraram redução em relação a abril do ano passado os seguintes indicadores:

• Policiais civis e militares mortos em serviço – redução de seis vítimas (7 em 2017 – 1 em 2018)
• Latrocínio – redução de oito vítimas (22 em 2017 – 14 em 2018)
• Roubo de veículo - redução de 4,8% (4.891 em 2017 – 4.657 em 2018)
• Roubo de rua - redução de 12,6% (12.654 em 2017 – 11.057 em 2018)
• Roubo de carga - redução de 13,6% ante abril de 2017 (1.032 em 2017 – 892 em 2018)
• Roubo a residência - redução de 18,9% ante abril de 2017 (127 em 2017 – 103 em 2018)

(*Com Agência Brasil)