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PF prende suspeito de levar crianças e adolescentes ilegalmente para os EUA

Por ano, a organização criminosa tenta enviar uma média de 150 adultos e 30 menores para os EUA - Getty Images
Por ano, a organização criminosa tenta enviar uma média de 150 adultos e 30 menores para os EUA Imagem: Getty Images

Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL

18/07/2018 12h36

Em um momento no qual a imigração ilegal para os Estados Unidos é agenda prioritária para o governo norte-americano, a Polícia Federal brasileira prendeu nesta quarta-feira (18) em Ji-Paraná, em Rondônia, um suspeito de servir como intermediário entre imigrantes ilegais e os chamados coiotes. A prisão ocorreu no âmbito de uma operação que visa a desarticular a ramificação local de uma organização criminosa internacional que promove a entrada ilegal de brasileiros nos Estados Unidos.

Em colaboração com a Interpol, a polícia tenta cumprir mandado de prisão contra o líder da organização criminosa nas Bahamas, um arquipélago entre Cuba e a Flórida. Até as 11h30, ele ainda não havia sido preso. Em Ji-Paraná, em Rondônia, um intermediário já foi detido.

Ao UOL, a Polícia Federal informou que esse grupo de coiotes – como são chamadas as pessoas responsáveis por facilitar o cruzamento ilegal da fronteira – movimentou nos últimos anos mais de R$ 25 milhões. Por ano, a organização criminosa envia uma média de 150 adultos e 30 crianças e adolescentes para tentar a entrada ilegal em território norte-americano. Esses menores de idade são mandados para que, caso os mais velhos sejam presos, não haja deportação. 

Muitos não conseguem concluir a jornada. A investigação da PF constatou que diversos dos brasileiros transportados pelo grupo morreram enquanto tentavam a travessia. Há, inclusive, a suspeita de homicídios.

Nesta terceira fase da operação, que recebeu o nome de Piratas do Caribe, e tem cooperação jurídica das Bahamas e dos Estados Unidos, a PF busca esclarecer o desaparecimento de 12 brasileiros, em novembro de 2016, que tentavam chegar aos Estados Unidos pelo mar, saindo de Nassau, capital das Bahamas, para Miami, na Flórida. Além dos brasileiros, outras nove pessoas desapareceram.

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A primeira fase da operação da Polícia Federal de Rondônia, deflagrada em em 2017, apontou que o grupo cobrava até R$ 60 mil por pessoa, prometendo a travessia em iates. No entanto, o transporte era feito em canoas sem estrutura. Desta vez, agentes cumprem dois mandados de prisão e três de busca e apreensão no Brasil e no exterior. Em nota, a PF explicou que ainda promoveu o sequestro de bens dos coiotes para ressarcir o dano causado às famílias das vítimas.

De acordo com as investigações, o esquema consiste em levar adultos ilegalmente para os EUA, acompanhados de crianças ou adolescentes, para que assim não sejam imediatamente deportados. É essa prática que o governo Donald Trump tentou atacar recentemente, afastando pais e crianças que chegavam ilegalmente ao país. A repercussão interna e também internacional foi tão grande que o presidente norte-americano voltou atrás.

Os imigrantes ilegais brasileiros eram levados até as Bahamas, onde um agente de imigração facilitava a entrada. Do Caribe, faziam a travessia de barco até os EUA.