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Jungmann defende restrição de visitas a presos do crime organizado

PAULO LOPES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: PAULO LOPES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

25/07/2018 14h15Atualizada em 25/07/2018 14h36

Para coibir facções e o crime organizado, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta quarta-feira (25) ser favorável à restrição de visitas a presos envolvidos com facções. "As grandes lideranças estão presas. [Uma solução] é impedir que elas se comuniquem e continuem comandando o crime na rua", disse.

O ministro participou de um painel sobre segurança pública promovido pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e pela Unibes Cultural em São Paulo.

Para Jungmann, é preciso acabar com "qualquer tipo de visita que não seja em parlatório", onde as conversas podem ser monitoradas. Isso incluiria visitas de amigos e familiares.

Já existe um projeto de lei nesse sentido e que conta com a aprovação do ministro. "O governo apoia, nós apoiamos. Não pode haver contato de chefe de facção que não tenha registro e que não fique à disposição da Justiça", defendeu.

O ministro também criticou a extensão da defesa de alguns presidiários ligados ao crime organizado. "O Nem, o Fernandinho Beira-Mar, o Marcinho VP tem 37 advogados. Você acha que alguém precisa ter 37 advogados?"

Jungmann afirmou que "facções estão aí, provocando violência de toda ordem. E ele [líder de facção] continua lá dentro comandando o crime. A gente tem que evitar isso".

O ministro acredita que a restrição do contato é uma maneira eficiente de combater o crime. "O cerne da preocupação para mim é conter exatamente essa capacidade de comunicação."

Em diversas oportunidades ao longo do painel, Jungmann indicou que o sistema penitenciário, "hoje é maior ameaça" à segurança.

Com as principais chefias de facções presas, o sistema penitenciário funciona como recrutador, segundo sua análise, porque os grupos organizados crescem usando presos que poderiam estar cumprindo penas alternativas ou medidas cautelares. "Meu problema está exatamente na expansão."

Criminosos na política

Integrante do grupo que coordena a intervenção no Rio de Janeiro, o ministro disse que informações estão sendo levantadas e cruzadas para coibir a participação do crime organizado e de milícias nas eleições de outubro.

Jungmann, porém, ressalta que a criminalidade já influencia a política, muito em razão de governos de coalizão. "O crime organizado já influencia, tem sua bancada", comentou. "Se o crime organizado tem representatividade, ele participa da distribuição de cargos". Sem citar nomes, ministro salientou que esse não é uma situação restrita ao Rio, mas que atinge todo o país.