Polícia investigará conduta de PMs em socorro a motorista morto após atropelamentos no Rio

A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando como policiais militares socorreram um motorista que morreu após atropelar ao menos cinco pessoas ao dirigir na contramão com um caminhão reboque e bater em um muro na zona norte do Rio de Janeiro na terça-feira (7).

Em vídeo gravado por testemunhas e publicado pela TV Globo, é possível ver dois policiais carregando o motorista Carlos Henrique Sarmento, 40, aparentemente desacordado. Em meio a uma multidão que tenta agredi-lo, ele é colocado de forma abrupta na caçamba de uma caminhonete da polícia para ser levado a um hospital.

Isso ocorreu no bairro da Penha logo após Sarmento dirigir um reboque em alta velocidade por diversos quarteirões, parte do trajeto na contramão, batendo em diversos veículos e ferindo cinco pessoas.

“Estamos analisando como foi esse socorro. Estamos atrás de imagens. Se foi uma conduta certa ou se não foi. Mas era uma situação muito difícil, porque tinha muitos populares em volta”, disse o delegado Rodrigo Freitas de Oliveira, da 22ª Delegacia de Polícia, responsável pela investigação do caso.

Segundo ele, dois socorristas foram ouvidos na terça e os policiais que levaram o motorista para o hospital ainda devem prestar depoimento.

A reportagem do UOL procurou a Polícia Militar e, segundo a corporação, a Corregedoria está investigando o caso.

Causa da morte do motorista

Somente a perícia do IML (Instituto Médico Legal) no corpo de Sarmento deve revelar como ele morreu.

Uma das hipóteses investigada pela polícia é a de que a morte tenha sido provocada por ferimentos decorrentes da batida do caminhão contra um muro. Segundo a polícia, foram encontrados indícios de que o veículo estava em processo de aceleração quando bateu. Uma rachadura no vidro do para-brisas pode ter sido causada pelo impacto da cabeça do motorista.

Outra hipótese é a de que a morte tenha sido causada por consumo de cocaína, pois um pó branco foi encontrado pela polícia junto com os pertences do motorista. Seus familiares disseram, porém, que ele não tinha problemas com drogas.

A possibilidade de que ele tenha sido morto por agressões de pessoas que tentavam linchá-lo também é investigada.

Cansaço e CNH suspensa

A viúva do motorista, Jaqueline Nascimento, disse acreditar que seu marido tenha dirigido em alta velocidade na contramão devido a cansaço e desespero. O filho do casal sofre de hidrocefalia, uma doença que causa inchaço no crânio, e a mulher foi diagnosticada recentemente com um tumor no intestino.

Eles administravam uma oficina e tiveram que demitir há dois meses o motorista do caminhão reboque devido a dificuldades financeiras.

Sarmento então passou a trabalhar na oficina e também a dirigir o caminhão.

“Ele andava sobrecarregado. Ele não tinha que estar trabalhando nos dois [oficina e reboque], mas a gente não tinha mais condições financeiras. Ele estava trabalhando de dia e de noite”, disse Jaqueline.

Sarmento vinha atuando irregularmente como motorista há dois meses. Ele teve a habilitação suspensa pelo Departamento de Trânsito devido a um problema no calcanhar que o impedia de fazer alguns movimentos com o pé.

Mesmo assim, segundo a viúva, devido às dificuldades financeiras, ele decidiu dirigir mesmo sem habilitação.