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Traficantes se disfarçam de piratas para esconder 1,3 t de cocaína em navio que iria à Europa

13.ago.2018 - Agentes encontraram mais de 1.300 kg de cocaína no navio Grande Francia - Receita Federal / Marinha do Brasil
13.ago.2018 - Agentes encontraram mais de 1.300 kg de cocaína no navio Grande Francia Imagem: Receita Federal / Marinha do Brasil

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio

13/08/2018 11h46

Traficantes de drogas armados invadiram um navio cargueiro ancorado a cerca de 20 km do litoral de São Paulo e simularam um ataque de piratas. No entanto, o roubo era apenas um disfarce para embarcar 1,3 tonelada de cocaína que seria levada para a Europa sem o conhecimento da tripulação, segundo a principal linha de investigação da polícia.

O cargueiro Grande Francia, de bandeira italiana, estava ancorado a cerca de 20 km do Porto de Santos aguardando para atracar. Na madrugada de domingo, homens armados, vestidos com roupas de mergulho, se aproximaram do navio em pequenos barcos, segundo uma fonte ligada à investigação do caso.

Um tripulante viu a abordagem, fugiu dos criminosos e conseguiu alertar o resto da tripulação. Todos então se trancaram em uma sala blindada do navio destinada a esse tipo de emergência. Os criminosos ficaram na embarcação por cerca de duas horas e depois fugiram.

Equipes do Grupamento de Patrulha Naval do Sul e Sudeste da Marinha e da Receita Federal inspecionaram o navio depois que ele atracou no porto.

Foram encontrados diversos contêineres abertos. Em uma avaliação inicial, os agentes acharam que se tratava de pirataria, mas, ao investigar o resto do navio, eles encontraram cocaína escondida em contêineres fechados.

Segundo a assessoria de imprensa da Receita Federal, foram achadas 41 bolsas contendo 1.202 tabletes de cocaína --totalizando 1.322 kg.

Investigadores suspeitam que a droga seria levada para o porto de Antuérpia (Bélgica), uma das principais entradas de remessas ilegais de cocaína na Europa. O navio havia partido da Argentina e faria uma parada no Brasil. Uma investigação está sendo feita pela Receita Federal e pela Polícia Federal.

Cocaína estava escondida em 41 bolsas que haviam sido escondidas em um contêiner - Receita Federal / Marinha do Brasil - Receita Federal / Marinha do Brasil
Cocaína estava escondida em 41 bolsas que haviam sido escondidas em um contêiner
Imagem: Receita Federal / Marinha do Brasil

Outra hipótese que não foi descartada é de que a droga tenha sido embarcada na Argentina. Porém, ela tem menos força, pois uma das principais rotas marítimas da cocaína dos países andinos para a Europa passa pelos portos brasileiros e é controlada por quadrilhas que operam em conjunto com o PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo fonte ligada à investigação.

“Nós ficamos muito impressionados com a ousadia desses traficantes porque eles içaram mais de 1.300 kg de cocaína de pequenos barcos para dentro do navio. E o mar estava extremamente agitado, havia ondas de mais de 2,5 m naquele momento”, disse o agente, que pediu para não ter o nome revelado por motivo de segurança.

Autoridades investigam agora se a tentativa de embarque de drogas no navio Grande Francia esteja relacionada um crime semelhante ocorrido na semana passada. Na terça-feira, traficantes usaram uma pequena embarcação para içar 1.207 quilos de cocaína em outro cargueiro italiano semelhante, o Grande Nigéria.

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Neste mês, a Receita Federal bateu recorde histórico de apreensão de cocaína no Porto de Santos. Foram 13.518 kg só até o mês de agosto. No ano passado inteiro, o total de apreensões havia chegado a 11.539 kg --a maior em um mesmo ano desde que a contagem começou em 2013.

O aumento de apreensões é reflexo do fortalecimento da rota marítima brasileira de envio de cocaína à Europa e ao Norte da África. A tendência foi identificada pela Receita e Polícia Federal, pelo Ministério Público e por organismos internacionais, como o UNODC, a agência da ONU de combate ao crime e ao tráfico internacional de drogas.

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