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Bombeiros dizem que Museu Nacional descumpria lei anti-incêndio

03.set.2018 - Bombeiros tentam resfriar paredes do Museu Nacional - Luis Kawaguti/UOL
03.set.2018 - Bombeiros tentam resfriar paredes do Museu Nacional Imagem: Luis Kawaguti/UOL

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

05/09/2018 13h48Atualizada em 05/09/2018 17h10

O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro informou que o Museu Nacional não possuía Certificado de Aprovação da corporação, o que significa que o prédio se encontrava em situação irregular junto ao órgão até este domingo (2), quando foi atingido por um incêndio.

O documento atesta a conformidade das condições arquitetônicas da edificação (área construída, número de pavimentos) e as medidas de segurança exigidas pela legislação (extintores, caixas de incêndio, iluminação e sinalização de segurança, portas corta-fogo). O Corpo de Bombeiros informou que visitas para inspeção precisariam ser solicitadas pelo órgão responsável pelo prédio.

A vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo, voltou atrás sobre o que havia dito mais cedo em relação à falta do certificado.

"De fato, não tínhamos essa documentação. Nossa ideia era nos adequarmos com a verba de R$ 21 milhões que viria do BNDES, depois das eleições. Infelizmente não houve tempo. Tínhamos apenas o alvará de funcionamento", disse ela, ressaltando a dificuldade que a instituição teria para realizar essas adaptações, uma vez que o prédio do museu ser tombado.

No início da tarde, Serejo havia dito que, pelo fato de se tratar de um prédio federal, o certificado dos bombeiros não seria necessário. Mas, segundo ela, houve uma confusão em relação aos dois documentos (certificado dos bombeiros e alvará de funcionamento) --a vice-diretora retificou que, por se tratar de uma instituição federal, o museu seria isento do alvará, e não do certificado.

Nesta terça-feira (4), Serejo confirmou que o prédio bicentenário não possuía mangueira de incêndio, sprinkles ou hidrantes internos. O número mínimo de saídas de emergência, segundo a pesquisadora, também não seria respeitado por limitações técnicas, já que o imóvel era tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

PF já está com imagens de segurança do museu

Cristiana confirmou que a Polícia Federal já está com as imagens da noite do incêndio, captadas pelas mais de 20 câmeras espalhadas pelo museu. "A parte de Tecnologia da Informação ficava do lado direito do prédio, que não foi atingida. Essas imagens vão ajudar o trabalho de perícia a identificar a origem do fogo", explicou.

Policiais federais iniciaram, por volta das 9h de hoje, o trabalho de scanner do Museu Nacional. O trabalho faz parte da perícia iniciada ontem pela PF para tenta identificar o que teria motivado o fogo no prédio.

Os scanners foram instalados do lado de fora do prédio bicentenário. Por meio deles, será possível realizar o mapeamento de áreas que ainda estão interditadas pela Defesa Civil ou que estão bloqueadas pelo alto volume de entulhos. O escaneamento consegue identificar as paredes que ainda estão de pé, no interior do museu, em áreas que nem a Defesa Civil ainda não conseguiu chegar.

Com o aparelho é possível fazer algo como um "mapeamento 3D" da situação do prédio. Somente ao final do trabalho de perícia será iniciada a remoção dos escombros no interior do museu.

Cristiana Serejo explicou a importância de conduzir com cuidado essa etapa do trabalho. "O interior do museu se tornou um 'sítio arqueológico'. Não podemos remover nada com escavadeiras, pois pode danificar itens do acervo que estão soterrados, mas preservados", disse ela, que garantiu que uma equipe de arqueólogos trabalhará nesta espécie de garimpo, junto da equipe de remoção.