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Polícia e Forças Armadas fazem operação contra a maior milícia do Rio

20.dez.2018 - Militares saem de base para participar de operação contra milicianos no Rio - Comando Conjunto / Divulgação
20.dez.2018 - Militares saem de base para participar de operação contra milicianos no Rio Imagem: Comando Conjunto / Divulgação

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

20/12/2018 11h15

A polícia, o Ministério Público e as Forças Armadas realizam nesta quinta-feira (20) uma operação envolvendo 1.900 agentes para tentar prender membros da maior milícia do Rio de Janeiro. O objetivo da ação é cumprir 97 mandados de prisão e 296 de busca e apreensão em 23 favelas na zona oeste e norte da cidade e na Baixada Fluminense.

No fim da tarde ao menos 27 suspeitos haviam sido presos na operação - que ocorreu sem tiroteios entre criminosos e agentes do estado. Segundo o Comando Conjunto, órgão da intervenção federal, também foram apreendidos uma BMW, 10 armas de fogo, dez caixas de cigarros contrabandeados, além de uniformes policiais.

Entre os presos estava um policial militar suspeito de ter vazado informações da operação para membros da organização criminosa alvo dos mandados.

A milícia conhecida como "Liga da Justiça" é formada por ex-policiais e policiais corruptos que dominam regiões pobres e exploram a população e comerciantes com cobranças ao estilo mafioso de "taxas de segurança" - para evitar que sejam vítimas de crimes cometidos pelo próprio grupo criminoso, de acordo com investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no Ministério Público.

A milícia também age com grilagem de terras e realiza a comercialização irregular de serviços como TV a cabo e fornecimento de gás. "Com essas ações, controlam bairros inteiros", afirmou em nota o Ministério Público.

Segundo as investigações do Ministério Público, o grupo é chefiado pelo miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, que está foragido. O grupo começou a atuar na zona oeste da cidade e estendeu o domínio até a Baixada Fluminense. Ecko já foi alvo de ao menos duas operações da intervenção federal no Rio neste ano. Dezenas de comparsas dele foram presos, mas o líder tem conseguido escapar das ações.  

De acordo ainda com o MP,  Ecko conta com gerentes responsáveis por comunidades da Baixada e da Zona Oeste, como a do Aço, do Rodo, de Antares de Três Pontes, em áreas de Paciência, entre outras. Também foram identificados por pertencer a alta hierarquia do grupo:  Vagner da Silva e Aguimar Barbosa Gomes. "Os outros denunciados atuam majoritariamente na função de braço armado do bando", disse o MP através de nota. 

A operação "Heracles" começou no início da manhã e envolveu 1.700 militares, 200 policiais, veículos blindados e helicópteros. As ações ocorrem principalmente nas regiões de Santa Cruz, Sepetiba, Paciência, Cosmos, Inhoaiba, Campo Grande, Santissimo, Senador Camara, Bangú, Realengo, Recreio, Jacarepagua, Taquara, Praça Seca, Deodoro, Parque Anchieta, Campinho, Osvaldo Cruz, Rocha Miranda, Cascadura, Piedade, Pilares e Quintino.

A operação desta quinta é um desdobramento da operação Freedom realizada no início do mês. No total, 42 mandados de prisão preventiva e 96 de busca e apreensão foram expedidos contra um grupo suspeito de integrar uma organização paramilitar que atua nos bairros de Campo Grande, Cosmos, Santa Cruz e Paciência, e no Município de Itaguaí, na Baixada. Segundo a polícia, trata-se de uma franquia da quadrilha chefiada por Ecko. Treze suspeitos foram presos na ação.