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Prefeitura de AL volta atrás e diz que objeto encontrado não tem césio 137

Cápsula apreendida em Alagoas não continha césio 137 - Divulgação/Prefeitura de Arapiraca
Cápsula apreendida em Alagoas não continha césio 137 Imagem: Divulgação/Prefeitura de Arapiraca

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

23/01/2019 13h36

O objeto recolhido em um ferro-velho pela Vigilância Sanitária de Arapiraca (AL) não contém lixo radioativo com césio 137, como fora divulgado, inicialmente, pela prefeitura da cidade, na terça-feira (22). O coordenador da Vigilância Sanitária do Município, Edilson Melo, corrigiu a informação, nesta quarta-feira (23), e afirmou que, após análise, o material foi identificado como um tubo de raio-x e não se trata de uma cápsula de césio 137.

O material foi analisado por uma empresa de descarte de lixo químico e radioativo. A prefeitura informou ainda que vai enviar o objeto para o Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste, localizado em Recife (PE), para passar por nova avaliação. "O tubo está guardado em lugar seguro, aguardando o recolhimento adequado da empresa", informou a prefeitura, por meio de nota.

A análise apontou ainda que o tubo encontra-se intacto, fechado, e não apresenta riscos à saúde da população. De acordo com Melo, mesmo que o objeto fosse aberto "não teria a proporção [da cápsula] do césio 137". "O risco de contaminação seria restrito para quem manipulasse o material e mesmo assim não teria as consequências semelhantes ao césio 137", explicou Melo.

A prefeitura de Arapiraca informou ainda que técnicos do Instituto de Radioproteção e Dosimetria de Pernambuco devem chegar no final da tarde desta quarta para a avaliação do material, com o objetivo de concluir o relatório sobre o objeto encontrado.

Na tarde de terça, técnicos da Vigilância Sanitária de Arapiraca foram informados, por meio de uma denúncia anônima, que um ferro-velho localizado no bairro São Luiz 2 estava guardando uma cápsula que continha césio 137. Segundo o coordenador da Vigilância Sanitária, a equipe dirigiu-se imediatamente ao local por estar preocupada com os riscos que teria a população caso se tratasse de uma cápsula de césio 137.

Melo chegou a afirmar, logo depois que o objeto foi recolhido, que evitou "uma tragédia como a que houve em Goiânia há 31 anos". Na terça, a Vigilância Sanitária disse que explicou ao proprietário do ferro-velho sobre os riscos da suposta cápsula de césio 137 e que o homem entregou o material. O homem teria informado que se tratava de parte de uma máquina de mamografia.

Acidente em Goiânia

O acidente radioativo envolvendo uma cápsula de césio 137 em Goiânia (GO) ocorreu depois que catadores de material reciclável desmontaram um aparelho de radioterapia e venderam uma cápsula contendo césio 137 para um ferro-velho. Desmontada, a cápsula liberou césio 137, substância radioativa que ocasionou o maior acidente radioativo fora de uma usina nuclear da história. Na época do acidente, em 1987, quatro pessoas morreram e centenas ficaram com a saúde comprometida. Muitos desenvolveram doenças como câncer de mama, leucemia, hipertensão e outros distúrbios.
 
O acidente foi classificado como nível 5 (acidentes com consequências de longo alcance) na Escala Internacional de Acidentes Nucleares -- que vai de zero a sete. A contaminação em Goiânia pelo césio 137 é até hoje o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora de usina nuclear.
 
Veja abaixo as duas notas enviadas pela Vigilância Sanitária de Arapiraca, informando a apreensão da cápsula e, posteriormente, negando que ela continha césio 137.

Nota de terça-feira (22)
Vigilância Sanitária de Arapiraca apreende material radioativo em ferro-velho

O tubo de uma máquina de raio-X foi recolhido de um ferro-velho pela vigilância Sanitária (Visa) de Arapiraca, na tarde desta terça-feira (22).
Após receber uma denúncia anônima, a equipe se dirigiu ao estabelecimento localizado no bairro São Luiz II. O proprietário foi informado do risco que estava correndo e de imediato entregou a cápsula. Ele não informou de quem adquiriu.

O objeto deveria ter sido entregue a uma empresa especializada na manutenção dos equipamentos de raio-X, para em seguida ser levado a um local adequado.

Se a empresa que fez o descarte incorreto for identificada, poderá responder criminalmente pelo fato de ter colocado a comunidade em risco.

"Ela fechada não tem perigo nenhum, mas se tivesse sido aberta as pessoas correriam risco de contaminação", afirmou o coordenador da vigilância sanitária, Edilson Melo.

O disque denúncia da Vigilância Sanitária está disponível das 8h às 14h, através do telefone 3530-3302.

Nota de quarta-feira (23), com o desmentido que a cápsula continha césio 137

Material radioativo apreendido pela Vigilância Sanitária não contém Césio-137

A Vigilância Sanitária de Arapiraca vem a público esclarecer que, após análise do material apreendido na tarde desta terça-feira (22), em um ferro-velho de Arapiraca, ficou constatado que não contém Césio - 137, como informado anteriormente.

De acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária do Município, Edilson Melo, a análise foi realizada pela empresa Máxima, de recolhimento de material químico e radioativo, que descartou a hipótese de se tratar de uma cápsula contendo Césio - 137, mas de um tubo de raio-X.

"Nesse caso, em se tratando de um tubo de raio-X, nos tranquilizamos e também a própria população. O material foi encontrado fechado, por isso não apresenta perigo. E, mesmo se tivesse sido aberto, não teria a proporção do Césio 137. O risco de contaminação seria restrito para quem manipulasse o material", explicou o coordenador.

Edilson Melo ainda informou que o material encontrado também vai passar por avaliação do Centro Regional de Ciências Nucleares. E que o tubo está guardado em lugar seguro, aguardando o recolhimento adequado da empresa.