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Médico é preso acusado de filmar partes íntimas de 105 pacientes em MG

Fábio Lima Duarte, 36, é suspeito de filmar a região genital e os seios de mais de 100 pacientes, entre crianças e mulheres - Divulgação/Polícia Civil MG
Fábio Lima Duarte, 36, é suspeito de filmar a região genital e os seios de mais de 100 pacientes, entre crianças e mulheres Imagem: Divulgação/Polícia Civil MG

Pauline Almeida

Colaboração para o UOL, no Rio

21/02/2019 22h51

Um médico de Belo Horizonte, identificado como Fábio Lima Duarte, 36, é suspeito de filmar a região genital e os seios de pacientes durante exames de ultrassom. Ontem, ele foi preso, na casa em que mora, na região da Pampulha, por policiais civis da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente.

Duarte teria feito pelo menos 105 vítimas, 74 delas adultas e 31 crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. Para fazer as gravações, segundo a investigação, antes das pacientes entrarem no consultório, ele já deixava uma câmera posicionada para a maca.

Com o médico, a Polícia Civil apreendeu mais de 30 mil arquivos com imagens de conteúdo pornográfico e também exames de ultrassonografia. Esses materiais foram descobertos em 31 outubro do ano passado, quando Duarte foi preso pela primeira vez, durante a operação Infância Reavida, deflagrada para combater pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes. Ele foi solto em dezembro e pôde responder ao processo em liberdade.

Na operação, o médico acabou detido em flagrante por produção, compartilhamento e armazenamento de imagens pornográficas de menores. As centenas de arquivos apreendidas foram periciadas e levaram à nova prisão ocorrida nesta quarta-feira (20).

Desta vez, ele deve responder pelos crimes de estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de prisão, e também violação sexual mediante fraude, pena de 2 a 6 anos.

Arquivo e tutorial de sexo com crianças 

A delegada Renata Ribeiro Fagundes contou, em entrevista à imprensa, que Fábio Lima Duarte tinha um sistema para organizar os exames filmados.

"Nos dispositivos informáticos arrecadados, foram encontradas pastas que continham imagens das pacientes, mantidas em arquivos onde ele intitulava com o primeiro nome acompanhado de termos aviltantes. No caso de pacientes menores, ele ainda colocava as idades", afirmou a delegada. 

A Polícia Civil tenta identificar as vítimas e pede para que elas compareçam à delegacia para ajudar nas denúncias. Uma já foi localizada. "Ela foi filmada sem seu consentimento e relatou que se sentiu constrangida e notou algo errado durante o exame, que demorou mais de 40 minutos", disse Renata.

No material periciado, a polícia ainda encontrou imagens do investigado em atos sexuais com adolescentes e com uma jovem que parecia desacordada e estava amarrada e amordaçada, além de um tutorial sobre como fazer sexo com crianças. 

Segundo a Polícia Civil, o médico atuava em clínicas de Belo Horizonte e de dois municípios da região metropolitana, Betim e Vespasiano. Segundo o site do Conselho Federal de Medicina, ele teve o registro suspenso por ordem judicial. A reportagem aguarda do órgão quando se deu o fato e se o profissional passa por processo disciplinar.

Outro lado

O advogado João Paulo Machado Rodrigues Cardoso, que defende Fábio Lima Duarte, informou que o suspeito suspendeu a prática como clínico geral desde a primeira prisão, por determinação da Justiça.

Sobre a investigação da Polícia Civil, preferiu não se manifestar para preservar a imagem do cliente, também por ainda não existir uma denúncia formal por parte do Ministério Público e ainda por entender que assim pede a decisão da juíza Juliana Miranda Pagano, que determinou a prisão preventiva.

Na decisão, a magistrada diz que autoriza a "divulgação do nome e imagem do investigado Fábio Lima Duarte, locais de trabalho do mesmo como médico e fatos ocorridos com suas pacientes, sem qualquer identificação, contudo, das vítimas já localizadas. Fica vedado qualquer excesso sensacionalista, conduta degradante, humilhação indevida, acusação leviana ou aviltamento da condição do investigado quando da divulgação ora autorizada."