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O que se sabe e o que ainda não foi esclarecido na morte de Marielle

Márcia Foletto/Agência O Globo
Imagem: Márcia Foletto/Agência O Globo

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

12/03/2019 14h18

As prisões de dois suspeitos de participação direta no assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, hoje indicam algumas respostas sobre o caso.

No entanto, ainda há questões em aberto que deverão ser respondidas no curso das investigações sobre o crime, que completa um ano na próxima quinta-feira (14).

Veja, abaixo, o que já se esclareceu e o que ainda está em aberto.

Quem matou Marielle e Anderson?

Em ação conjunta na manhã desta quarta, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio prenderam o policial reformado Ronnie Lessa, 48, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46.

Lessa é apontado como sendo a pessoa que executou os disparos. Queiroz seria o motorista do carro que perseguiu o veículo da vereadora. Os dois foram indiciados por homicídio duplo qualificado.

A assessora de Marielle, Fernanda Chaves, estava no carro com Marielle e Anderson, mas sobreviveu. Lessa e Queiroz também foram indiciadas por tentativa de homicídio contra ela.

Havia mais alguém no carro dos assassinos?

Em entrevista coletiva hoje, Giniton Lages, delegado responsável pelas investigações, disse que a polícia trabalha, agora, com a hipótese de apenas duas pessoas no carro: Lessa e Queiroz.

No entanto, ele não descartou completamente que houvesse uma terceira pessoa no veículo dos assassinos. "Isso deve ser esclarecido na segunda parte das investigações", declarou.

No ano passado, uma análise preliminar das imagens que mostravam o carro de onde partiram os tiros indicava que havia uma terceira pessoa no veículo.

Quem mandou matar e o porquê

Logo após a notícia das prisões, tanto a família de Marielle quanto o PSOL cobraram a identificação do mandante do crime.

Essa informação ainda não foi esclarecida pelos investigadores responsáveis pelo caso. Na entrevista coletiva, o delegado Lages disse que as prisões dos suspeitos são apenas a "primeira fase" das investigações.

"A Delegacia de Homicídios nunca deu nenhuma conotação de motivação para esse crime. Nunca", declarou Lages. Segundo ele, a motivação ainda não foi elucidada. "Nada está encerrado", disse.

No ano passado, o então secretário da Segurança, general Richard Nunes, chegou a afirmar que Marielle foi morta por supostamente ameaçar esquemas de grilagem de terras. Hoje, ninguém comentou essa hipótese.

Em nota, o MP disse que "é inconteste que Marielle foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia".

Para os promotores, o assassinato foi um golpe ao "Estado Democrático de Direito".

Delegado de caso Marielle diz que prisões são 1º fase

UOL Notícias

Há ligação entre os suspeitos e a família Bolsonaro?

Lessa, o PM reformado acusado se ser o atirador, foi preso em sua residência, que fica no mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem uma casa, na Barra da Tijuca, na zona oeste.

Na coletiva, o delegado Lages afastou, neste momento, qualquer ligação entre a família de Bolsonaro e Lessa.

"O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle", disse Lages.

Delegado diz não ter detectado ligação entre suspeito e Bolsonaro

UOL Notícias

Qual a opinião de Bolsonaro?

Em Brasília, Bolsonaro disse que espera "que realmente a apuração tenha chegado de fato a quem foram os executores, se é que foram eles, e a quem mandou matar". "É possível que tenha um mandante [do assassinato da vereadora]", declarou.

Questionado sobre se sentiu-se surpreso com envolvimento de ex-policiais, Bolsonaro não respondeu, mas disse que não acredita que existam crimes impossíveis de serem solucionados, "coisa rara".

O que dizem as defesas dos suspeitos

A defesa de Queiroz explicou que o ex-PM sequer estava no local do crime no dia. "Tenho certeza que não há foto dele no carro, nem muito menos gravação dele neste dia. Tenho certeza que a vítima que sobreviveu não vai reconhecer o meu cliente", explicou o advogado Luiz Carlos Azenha.

Ele classificou de "trapalhada" a medida do MP e da Polícia Civil.

O advogado Fernando Santana, responsável pela defesa de Lessa, também destacou a inocência do seu cliente.

"Tive contato com ele muito rápido, mas ele nega que tenha cometido qualquer tipo de assassinato. Vou ter acesso ao inquérito, pois até agora não tive - primeiro está em segredo de Justiça, mas agora já peticionamos para poder termos ideia de como chegaram na prisão do Ronnie Lessa", afirmou.