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Caso Marielle

Marielle: delegado responsável por investigação será afastado, diz Witzel

12.mar.2019 - Delegado Giniton Lages dá detalhes sobre a prisão de suspeitos do caso Marielle Franco - ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
12.mar.2019 - Delegado Giniton Lages dá detalhes sobre a prisão de suspeitos do caso Marielle Franco Imagem: ALESSANDRO BUZAS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

13/03/2019 14h12

O delegado Giniton Lages --responsável pela primeira fase da investigação sobre as mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista dela, Anderson Gomes-- deixará os trabalhos na segunda etapa da apuração sobre os crimes. A informação foi confirmada hoje pelo governador Wilson Witzel (PSC), um dia após a prisão de dois homens acusados da autoria dos crimes.

De acordo com Witzel, Lages fará um intercâmbio de quatro meses na Itália a convite dele próprio. O afastamento para estudos no exterior é uma espécie de "prêmio" pelo trabalho realizado por quase um ano à frente da Delegacia de Homicídios da Capital, o que trouxe "exaustão" ao policial.

"Convidei [para o intercâmbio] porque ele está cansado. Está esgotado. É uma investigação que teve um certo esgotamento da pessoa. Como ele está com a experiência adquirida e nós estamos com o intercâmbio com a Itália exatamente para estudar máfia, movimentos criminosos, ele vai fazer essa troca de experiência com a polícia italiana", explicou o governador.

A segunda fase da investigação, de acordo com Witzel, centrará esforços em identificar um possível mandante dos crimes. O nome do delegado que comandará essa frente não foi divulgado.

Ontem, durante a entrevista à imprensa em que explicou a dinâmica do crime que teria sido cometido pelo policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser autor dos disparos que atingiram as vítimas, e pelo ex-policial militar Élcio Queiroz, acusado de dirigir o carro utilizado para matar Marielle e Anderson, Witzel não poupou elogios ao trabalho de Lages.

"Infelizmente a polícia do estado do Rio de Janeiro foi sucateada por décadas, uma deficiência de homens, de material. Mas, apesar dessas dificuldades, delegados como os que aqui estão e especialmente o delegado Giniton fazem a diferença. Um policial que, ao explicar o seu trabalho, eu pude perceber a sua capacidade profissional e quanto ele se aprofundou tecnicamente, com a sua experiência à frente de investigações de homicídios para poder definir a linha de investigação e colher todos os elementos de prova muito difíceis."

Witzel disse que, para chegar à autoria do crime, as investigações "exigiam um conhecimento técnico aprofundado que o delegado Giniton desenvolveu a duras penas à frente da Delegacia de Homicídios e com parcos recursos".

Procurado para comentar o afastamento da investigação e o intercâmbio na Itália, o delegado Giniton Lages não respondeu os contatos da reportagem.

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