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Adolescente apreendido foi um dos mentores de ataque em Suzano, diz polícia

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Mogi das Cruzes

19/03/2019 17h48

O delegado Alexandre Henrique Augusto Dias informou hoje que já é possível concluir a partir de provas obtidas na investigação do massacre em Suzano, na Grande São Paulo, que o jovem de 17 anos apreendido hoje foi o mentor intelectual do ataque à escola Raul Brasil juntamente com Guilherme Taucci, 17, um dos assassinos. Segundo o delegado, o adolescente apreendido, que é ex-aluno da escola, também comprou objetos usados no ataque.

A Polícia Civil investiga se outras pessoas participaram do planejamento do massacre e qual a origem da arma do crime --oito pessoas foram mortas por dois assassinos, que também morreram. O delegado não deu detalhes sobre esta frente de investigação, mas disse que o objetivo é concluir os trabalhos "o quanto antes".

O advogado do suspeito, Marcelo Feller, declarou que orientou o jovem a ficar em silêncio na audiência de hoje no Fórum de Suzano. Segundo o defensor, o adolescente negou as acusações e está disposto a falar, "mas isso não pode ser um teatro".

Segundo a decisão judicial que determinou a apreensão do suspeito, à qual o UOL teve acesso, o adolescente revelou em conversas de WhatsApp que participou do planejamento do ataque. Em uma delas, cinco meses antes do crime, ele chega a fazer um passo a passo do atentado. Segundo as investigação, o suspeito também enviou uma mensagem para Taucci logo depois do massacre dizendo: "um dos atiradores tinha um machado igual ao seu".

A defesa do jovem apreendido questionou o teor desta mensagem como prova de seu envolvimento no crime e afirmou que o adolescente nega participação no caso.

Dias confirmou que, segundo o laudo sobre a causa da morte dos assassinos, Taucci matou Luiz Henrique Castro, 25, e cometeu suicídio em seguida. Segundo o delegado, os resultados dos exames toxicológicos dos atiradores ainda não estão prontos.

Segundo o promotor Rafael do Val, que concedeu entrevista à imprensa junto com o delegado em Mogi das Cruzes, as provas obtidas na investigação estão sob sigilo por imposição do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Dias e Do Val não deram detalhes, por exemplo, das conversas de WhatsApp que teriam incriminado o jovem apreendido hoje.

Após decisão da Justiça, o adolescente ficará detido provisoriamente por 45 dias na Fundação Casa --a unidade não foi revelada pela instituição por motivos de segurança.

A decisão da juíza Érica Marcelina Cruz, da Vara da Infância e da Juventude, tem como base a descoberta pela Polícia Civil de uma conversa de WhatsApp em que o jovem detalha sua "estratégia para fazer um atentado". O interlocutor ainda não foi identificado.

Logo após o massacre, o suspeito disse em um grupo de WhatsApp que Guilherme Taucci teria agido conforme seus planos. Na semana passada, o adolescente disse que queria ter participado do massacre, mas não foi chamado, segundo informou a polícia.

Uma "pessoa fria", diz delegado

Dias afirmou que a polícia ainda investiga por que o terceiro suspeito não participou da execução do crime.

O delegado também não detalhou o perfil psicológico do adolescente e disse que isso ainda depende da realização de exames periciais, mas afirmou que se trata de uma "pessoa fria".

Segundo o promotor Do Val, a análise da personalidade do suspeito será levada em conta para um eventual pedido para o período máximo de internação, que é de três anos.

Do Val também afirmou que pessoas que têm exaltado atentados em escolas "estão sendo monitoradas e vão ser responsabilizadas" criminalmente.

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